Reivindicações políticas e econômicas se unem em greves contra a ditadura no EgitoA revolução democrática em curso no Egito ganhou nos últimos dias um novo impulso. Além da manifestação na Praça Tahrir que levou centenas de milhares de egípcios às ruas nesse dia 9, os protestos avançam para além do centro do Cairo e se desdobram em várias greves por melhores condições e contra a ditadura Mubarak.

A mais importante delas ocorre no estratégico Canal de Suez, que amanheceu nesse dia 8 completamente parado. Cerca de 6 mil trabalhadores do canal cruzaram os braços por melhores salários e a queda do regime ditatorial. Segundo o jornal português Público, manifestantes teriam incendiado a sede do governo regional de Port Said, na entrada dói canal. Na mesma cidade, 2 mil operários da indústria têxtil também entraram em greve, além de 1,5 mil trabalhadores em Mahalla.


Trabalhadores de Suez em greve nesse dia 9

Na capital egípcia, 3 mil trabalhadores do transporte público cruzaram os braços nesse dia 9, assim como os funcionários responsáveis pela limpeza urbana. Já na cidade turística de Luxor funcionários do turismo local também pararam. Em outra região, Quesna, 2 mil trabalhadores da indústria farmacêutica cruzaram os braços. Trabalhadores da Telecom Egito também realizaram manifestações.

A série de greves que corta o país une reivindicações econômicas, como reajuste nos salários, com demandas políticas, que se chocam frontalmente contra a ditadura de Mubarak.

Ameaças não contém protestos
O governo, porém, dá sinais de endurecimento. Na noite de 8 de fevereiro, o vice-presidente Omar Suleimán, que está na linha de frente das negociações com a oposição, afirmou em entrevista à TV que os egípcios não estavam “preparados para a democracia”.

Já nesse dia 9 houve duros confrontos entre manifestantes e policiais no sul do Egito que teriam matado ao menos cinco pessoas. A ditadura indica que pode passar a outro patamar na repressão das manifestações. Nesse dia 8 surgiu o temor de que a polícia pudesse desalojar os manifestantes que acampam em frente ao prédio do parlamento. Pessoas que estavam na Praça Tahrir, porém, engrossaram o acampamento e afastaram essa possibilidade.

Novos protestos
O ânimo dos manifestantes não arrefece e o povo egípcio dá mostra de que não sairá das ruas enquanto Mubarak não cair. Nesse dia 11, sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, eles preparam uma nova jornada de luta contra o governo. Nos protestos, pretendem homenagear os 300 mortos pela ditadura desde o início do levante no Egito, em 25 de janeiro.