Professores estão há 46 dias em greveO Estado de Pernambuco possui alguns dos piores índices sociais do país. Maiores índices de violência contra a mulher e contra jovens e negros. Os professores estaduais são os que recebem os piores salários do Brasil. O desemprego e o rendimento médio dos assalariados da Região Metropolitana do Recife (RMR) sempre estão em primeiro ou segundo piores lugares em todas as pesquisas. O número de famílias sem teto ultrapassa a casa dos 380 mil no Estado, sendo que cerca de 60% da população da RMR vive em favelas.

Jarbas Vasconcelos (PMDB) governou o Estado entre 1998 e 2006 tirando proveito do desgaste do governo Arraes cujo Secretário de Finanças (o neto de Arraes), Eduardo Campos, havia se tornado conhecido nacionalmente pelo “escândalo dos precatórios”, operação que inflou a emissão de títulos do Estado para capitalizar recursos muito além dos valores da dívida pública de então.

Jarbas governou cavalgando em popularidade devido à realização de obras gigantescas financiadas com os mais de R$ 1,7 bilhão oriundos da privatização da Celpe (Companhia Elétrica de Pernambuco).

No entanto, durante a campanha eleitoral de 2006, o falso desenvolvimento jarbista foi desmascarado, a problemática social veio ao primeiro plano com os altos índices de assassinatos de mulheres, as altas tarifas de energia e de transporte, o sucateamento da educação e saúde, que somados às acusações de corrupção contra o candidato de Jarbas, o Mendoncinha (PFL) e também contra o candidato do PT, Humberto Costa (hoje Secretário de Eduardo), no “escândalo dos sanguessugas”, fez com que Eduardo Campos (PSB), com seu velho discurso populista neoarraesista, reeditando a Frente Popular de Pernambuco com o apoio de Lula, ganhasse a eleição para governador.

Após 6 meses de governo…
Eduardo Campos e sua Frente Popular (PSB, PT, PDT, PCdoB e demais legendas de aluguel), com o apoio de todos os prefeitos da Região Metropolitana e de Lula, apesar do discurso oposicionista da campanha e comemorando o recebimento do R$ 1,3 bilhão do PAC, vem aprofundando a situação de calamidade pública em que se encontra o Estado e respondendo às lutas sociais com autoritarismo e perseguição.

Os trabalhadores em educação da rede oficial, que derrotaram em assembléia a posição da direção governista do SINTEPE, se encontram há 46 dias em greve, reivindicando a equiparação do vencimento de 6 mil trabalhadores em educação ao salário-mínimo (R$ 380,00), além de 16% de reajuste para quem ganha acima disso. O governo entrou na justiça contra a greve conseguindo a ilegalidade, cortou o ponto dos educadores e publicou várias notas na TV tentando jogar a população contra os grevistas. A greve até esta data (27.07.07) seguia firme e forte.

As outras categorias estaduais estão em mobilização e poderão também decretar greve, a exemplo dos trabalhadores do Detran, Universidade de Pernambuco, Polícia Civil e Militar, saúde, servidores do judiciário, entre outras.

O maior obstáculo para a unificação dos servidores numa greve geral do funcionalismo é a própria direção da CUT, que é controlada pelo PT que por sua vez participa do governo Eduardo, e dirige a maioria dos sindicatos, se esforçando ao máximo para que não haja unificação das lutas sociais.

Caos na saúde pública
O caso que mais está se destacando nacionalmente é a crise na saúde pública. Os médicos dos principais hospitais estaduais (Restauração, Getúlio Vargas e Otavio de Freitas) entraram com pedido de demissão em massa porque já não agüentam mais as péssimas condições de trabalho, onde chegam a atender mais de 100 pacientes num único plantão, recebem péssimos salários (um recente edital de concurso na Paraíba oferece o dobro dos salários pagos pelo governo de Pernambuco) o que obriga os profissionais a trabalharem em mais de um hospital em jornadas exorbitantes.
O Presidente do Sindicato dos Médicos denunciou um caso de um médico que chegou a atender sozinho 200 pacientes num só dia. Assim, a lista de demissionários já ultrapassa a casa dos 120 médicos.

A resposta do governo da Frente Popular foi entrar na justiça para tentar obrigar os médicos a trabalharem forçosamente, tendo o juiz acatado o pedido liminar e determinando uma multa diária de R$ 1 mil reais para cada médico que pedir demissão. A medida só fez aumentar a lista de demissionários.

O tema salarial é apenas uma das reivindicações da greve dos médicos pernambucanos. Há uma clara decadência da infraestrutura e do gerenciamento da saúde que transformam os hospitais em verdadeiros abatedouros públicos. O Sindicato dos Médicos denuncia ainda que o governo vem desviando as verbas do Sistema Único de Saúde para outros fins e não aplica o percentual mínimo constitucional que seria de 12% das receitas do Estado.

Após poucos meses de governo, Eduardo Campos e a Frente Popular de Pernambuco (PSB, PT, PCdoB, PDT) demonstram na prática sua função. Tentam desmoralizar o serviço público, os trabalhadores organizados e os movimentos sociais para aprofundar a gestão jarbista de desenvolvimento a serviço dos ricos e das grandes empresas, com o apoio de Lula.

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