Manifestação em Buenos Aires

Protestos em várias partes do mundo se solidariam com mobilizações durante a Copa e exigem readmissão dos metroviários demitidos

A insatisfação e indignação com as injustiças e os gastos da Copa do Mundo não são exclusividade dos brasileiros. Em vários países, atos acontecem em solidariedade ao povo brasileiro. Moções e mensagens de apoio chegam de organizações estrangeiras. A greve dos metroviários de São Paulo foi bastante destacada nos protestos. Dirceu Travesso, da CSP-Conlutas e do PSTU, acompanhou as atividades na Europa.

No dia 28 de maio, a juventude BFS Zurique fez um ato em frente à sede da FIFA, em Zurique, em solidariedade aos protestos da população brasileira e contra exploração FIFA que e patrocina corporações na Copa. Uma faixa dizia: “Educação e saúde para milhões de pessoas em vez de bilhões de dólares para a FIFA e patrocinadores”. Dirceu Travesso disse que “com certeza é uma questão de solidariedade [com os brasileiros], mas, além disso, as pessoas na Europa sofrem com a prática comum das elites econômicas. Na Grécia, Espanha, Itália, Suíça, também impõem uma austeridade política para a população, enquanto os seus lucros aumentam. A política da FIFA no Brasil é um exemplo desta prática”.

Também na Suíça, ativistas do Movimento pelo Socialismo (MPS) e da Esquerda Anticapitalista (GA) organizou uma ação surpresa em frente ao Comitê Olímpico Internacional em Lausanne. Um banner tinha o seguinte escrito: “Copa Mundial sem direitos sociais”. Em cartazes, podiam ser lidas as frases “Solidariedade com os grevistas dos aeroportos do Rio de Janeiro” e “Reintegração dos grevistas do metrô de São Paulo”.

Em Londres, a reunião “Chutando no Rio: protestos populares e políticas públicas da Copa do Mundo”, convocada pela Rede Internacional Socialista (ISN) e pelo grupo Socialismo Revolucionário (RS21), teve a presença de cerca de 50 pessoas no dia 10 de junho. Os participantes debateram a situação do Brasil quanto às greves atuais e os movimentos sociais.

Uma moção foi aprovada: “Este encontro quer enviar a sua solidariedade com a classe trabalhadora brasileira. Queremos expressar o nosso apoio a todas as greves e atividades das lutas sociais que estão ocorrendo em maio, junho e julho. Apoiamos todas as suas lutas por uma vida melhor para habitação, emprego decente com contratos e salários decentes. Em particular, apoiamos o sentimento de milhões de pessoas contra o grande negócio de Copa do Mundo e que está dando milhões para a FIFA e as multinacionais que deveriam ser gastos em saúde, educação e transporte”. O texto ainda destaca a “violação dos Direitos Humanos, o direito à moradia adequada, o direito à livre circulação, o direito ao trabalho e o direito a protestar”.

Em Milão, na Itália, houve protesto no dia 12 de junho, em frente ao Consulado brasileiro. A entidade sindical SiCobas, em nota, fez um chamado às entidades sindicais, organizações políticas e indivíduos a se manifestarem a favor aos movimentos sociais, destacando que “os brasileiros enfrentam uma repressão forte devido à Copa do Mundo”.

Da Itália, chegou uma declaração de solidariedade às lutas e greves dos trabalhadores dos transportes no Brasil. No texto, a Confederação Unitária de Base (CUB) manifesta a sua total solidariedade com os trabalhadores de transporte que protestam “contra o incrível desperdício de dinheiro para a organização da Copa do Mundo de futebol”. A entidade expressou, particularmente, apoio às greves e lutas de seus “colegas e companheiros de trabalho de transporte no Brasil, especialmente em São Paulo, que estão realizando uma batalha longa e corajosa em defesa de seus direitos e do povo brasileiro”. Também da Itália, a União Sindical Italiana (USI) enviou mensagem.

A Corrente Comunista Revolucionária, do NPA francês, lembrou as remoções forçadas e as mortes de operários nas obras dos estádios. Também ressaltou o aumento da repressão “tanto contra os eventos de jovens, quanto contra trabalhadores em greve e a população de favelas”. Em nota, a CCR disse: “o governo brasileiro gastou uma fortuna em armas para aplicação da lei [da Copa], que vão desde bombas de gás lacrimogêneo até armaduras para cavalos da polícia. (…) Entendemos, por isso, que a paixão brasileira pelo futebol se vê abalada em tal contexto, pois há muito para estarem indignados”.

Em Dortmund, na Alemanha, uma manifestação reuniu cerca de 200 pessoas. Eles distribuíram um panfleto intitulado “A bola rola para o capital”, que foi bem aceito e provocou debate entre a população que o recebia. O sindicato Ver.Di também participou, bem como alguns brasileiros que vivem no país. Em Munique, em 12 de junho, o ato foi em frente do Consulado Geral do Brasil, com vários dirigentes de organizações de esquerda. Uma carta de protesto foi entregue formalmente cônsul do Brasil, Sr. Coelho da Rocha, “denunciando os gastos e os privilégios da FIFA concedidos à custa do povo brasileiro”.

Da Bélgica, a JOC enviou uma carta em que diz que os protestos não são apenas contra a Copa, mas que se trata de uma contestação contra uma crise capitalista que está em todo o mundo. “Vocês têm de ficar forte! Vocês têm de ir até o fim em suas reivindicações!” e informou que sua organização realizou um evento para apoiar financeiramente os trabalhadores do metrô de São Paulo. Na Bélgica, há movimentos de pessoas que estão boicotando a Copa. Também há manifestações em solidariedade à revolta brasileira, grupos no Facebook com notícias sobre o que acontece no Brasil.

Na França, se formou o coletivo unitário “La Copa está Cheia”, que reúne organizações sindicais, sociais e políticas que apoiam os movimentos brasileiros que enfrentam uma forte repressão. Dentre estes movimentos estão a União Sindical Solidaires e a Federação de Sindicatos Sud-Rail. Este coletivo produziu um jornal da campanha. Manifestantes foram recebidos na embaixada brasileira em Paris pelo chefe de gabinete do embaixador e conselheiro político. No próximo dia 23, haverá uma sessão pública na Bolsa Trabalho.

Poucos dias antes de 12 de junho, um ato foi realizado na embaixada do Brasil na África do Sul, país que sediou a Copa de 2010, com a presença da juventude e de estudiosos da comunidade CCS. Seminários e apresentações sobre o Brasil têm sido organizados para informar os sul-africanos sobre o movimento brasileiro

America Latina
Na Argentina, sob chuva, ativistas da Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT) fizeram um ato de repúdio em frente à embaixada brasileira. Eles protestaram contra a Copa, a repressão policial e as demissões na greve do metrô de São Paulo. Parlamentares, representantes sindicais, estudantis, de direitos humanos e os partidos integrantes da FIT apresentaram uma carta à embaixada que solicita ao governo federal que tome todas as medidas necessárias para readmitir os 42 metroviários de São Paulo. Eles também se manifestam contra a repressão aos trabalhadores e exigem a saída da PM dos locais de trabalho.

Na Colômbia, o sindicato Sinatral Internacional escreveu uma nota exigindo do governo brasileiro “da senhora Dilma Rousseff a abrir espaços de diálogo que permitam a solução das exigências do povo mobilizado e que parem os ataques da força pública”.

No México, o Sindicato dos Eletricistas enviou uma carta à presidente Dilma afirmando preocupação com o desenvolvimento da greve de metroviários de São Paulo. Eles pedem “uma solução rápida do conflito, executando as ações que pedem os nossos colegas brasileiros, a fim de obter o justo atendimento de suas reivindicações”.

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Na Costa Rica, além de protesto realizado, também foi produzido um vídeo pelo Partido de los Trabalhadores: “Consideramos justa a luta contra os cortes de investimentos em saúde e educação para beneficiar as grandes franquias do mundial. Repudiamos a repressão do governo de Dilma contra os manifestantes e exigimos a reincorporação dos trabalhadores do metrô de São Paulo demitidos.”