Palocci enviou nova carta subserviente ao FMI, onde se compromete em manter o superávit primário de 4,25% do PIB para pagamento de juros da dívida externa.
Discute-se também a renovação ou não do acordo com o FMI. No Orçamento de 2004, o governo já se comprometeu a manter intacta toda a política do Fundo. O resultado é que, para seguir transferindo bilhões para os banqueiros, além de faltar verbas para aumentar o salário mínimo e fazer a reforma agrária, o governo tenta impor um tremendo arrocho salarial. É o que já estamos vendo nas campanhas salariais de correios, bancários, petroleiros, portuários, químicos e outros. Além da patronal metalúrgica que se nega a repor as perdas inflacionárias.

Nos Correios, a direção da empresa estatal – subordinada ao governo – oferece 6% de reajuste, contra perdas de mais de 58% e uma inflação de mais de 20% só no último ano.

Os banqueiros têm o descaramento de propor 10% de reajuste, diante de perdas de 21% só no último ano e de mais de 100% nos bancos federais. A Petrobrás, com lucro recorde, ofereceu 6% de reajuste. A Fiesp diz que repor a inflação nem pensar e ainda quer parcelar o reajuste.

O governo, através de Palocci, disse que os reajustes salariais não podem ser de acordo com a inflação passada, mas futura, porque, do contrário, os reajustes vão gerar inflação. Nem no argumento inovam.

Os trabalhadores elegeram Lula porque queriam mudanças. E acreditam que é hora, sim, de dar um basta ao arrocho e ir à greve. Por isso, bancários, petroleiros, funcionários do Banco Central e dos Correios têm demonstrado grande combatividade e radicalização.

A direção majoritária da CUT, a Articulação e o PCdoB, tem tentado impor reivindicações rebaixadas, no que têm sido derrotados em muitos lugares, e não querem unificar as categorias.

Neste sentido a greve de Correios é emblemática, porque se impôs nacionalmente pela base, contra a maioria da direção da Federação e dos sindicatos que estavam contra. Mas no afã de defender a política do governo, dirigentes sindicais do PT e do PC do B, em aliança com a empresa, impediram que a base decidisse sobre a continuidade da greve e mesmo tendo sido derrotados se retiraram da assembléia de São Paulo e foram à imprensa decretar o fim do movimento.

É hora de ir à greve e de unificar as campanhas salariais. Estas não se confrontam só com as empresas, mas com a política econômica: a Febraban, as direções das estatais, a Fiesp, o governo e o FMI têm uma política unificada de arrocho. É do salário dos trabalhadores que sai o dinheiro para pagar a dívida externa.

É hora dos trabalhadores irem à greve unificada, montar comandos de base e impor a greve aos seus sindicatos. É hora também de todos exigirem que Lula rompa com a Alca e o FMI, pare de pagar bilhões para os banqueiros e garanta salário, emprego e terra.

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