Redação

Prefeito sofre grande derrota política em seus planos de ajuste fiscal

A greve dos trabalhadores do serviço público municipal de Florianópolis (SC) durou 38 dias e terminou vitoriosa, impondo uma grande derrota ao prefeito Gean Loureiro (PMDB). Os trabalhadores conseguiram fazer com que o prefeito voltasse atrás na revogação do plano de carreira da maioria da categoria, na criação da previdência complementar e em vários direitos retirados dos professores. Todas essas medidas já haviam sido aprovadas pelos vereadores e assinadas pelo prefeito. Essa grande vitória mostra que a classe trabalhadora pode derrotar o ajuste fiscal da burguesia.

A força e a união na greve massiva e o apoio da população, especialmente das comunidades carentes, conseguiram derrotar o prefeito mentiroso, o Poder Judiciário que disse que a greve era ilegal, Câmara de Vereadores da operação Ave de Rapina e humilhar a alta burguesia da cidade que apresentou um manifesto com 34 entidades patronais, como Fiesc, Fecomercio, Fórum do Setor Imobiliário, Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, que apoiaram Gean Loureiro.

A greve terminou, mas a luta continua
Apesar dessa vitória importante, alguns direitos foram perdidos ou retalhados e alguns aspectos do pacote de maldades continuam, como a fusão dos fundos de previdência e as Parcerias Público-Privadas (PPP) que precisarão ser combatidas pelos trabalhadores para manter seus direitos, reaver o que foi perdido e garantir um serviço público de qualidade e gratuito. Além disso, a categoria se mantém em estado de greve até a Câmara de Vereadores tentar aprovar novas leis sem emendas que retirem direitos.

A assembleia que votou o fim da greve votou também a adesão à paralisação nacional do dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações e Mobilizações, por entender que a luta contra a retirada de direitos em Florianópolis está combinada com a luta nacional. A política de austeridade em Santa Catarina é a mesma que acontece em todo o país e só tem um objetivo: retirar direitos e arrochar salários para que a classe trabalhadora pague a conta de uma crise que os patrões e governos criaram.

Por isso, o dia 15 de março é importante. Mas ainda é muito pouco. É preciso unificar todas as lutas no país e construir uma grande greve geral contra as retiradas de direitos e contra as reformas trabalhista e da Previdência.

Entenda a greve
O prefeito começou o ano culpando os servidores pela crise nas contas da prefeitura e, por isso, atrasou salários e aprovou, a toque de caixa, o pacote de maldades em janeiro. Os trabalhadores do serviço público municipal reagiram imediatamente colando cartazes nos postos de saúde e UPAs e conversando com a população. No dia 17 de janeiro, entraram em greve, mesmo com parte importante da categoria em férias, o magistério.

No dia 24 de janeiro, a Câmara de Vereadores aprovou a revogação do plano de carreira. A sessão foi marcada pela repressão policial e pela resistência dos trabalhadores com uma chuva de cadeiras contra a polícia. O prefeito achou que a greve ia acabar, mas a assembleia seguinte foi ainda maior que as anteriores.

No dia 26, os servidores decidiram continuar a greve com o aviso ao magistério em férias para que, no dia 7 de fevereiro, entrasse imediatamente em greve. No dia 7, aconteceu a maior assembleia da história da categoria, e foi feito um ato com 9 mil pessoas, parando as principais ruas da cidade.

Na primeira semana de fevereiro, o Poder Judiciário considerou a greve ilegal por não manter 50% dos postos de saúde e 100% das creches funcionando. A prefeitura pediu a prisão dos diretores do Sintrasem.

Nas semanas seguintes, a greve se manteve com mais de 90% de adesão, e as reuniões dos postos de saúde e creches com a comunidade se transformaram em atos diários em diferentes bairros da cidade. As várias ameaças do prefeito, como prisão, desconto em folha e abertura de processo administrativo contra grevistas, não se concretizaram, em razão da força da greve e do apoio da população.

No dia 15 de fevereiro, 34 entidades patronais da burguesia lançaram um manifesto aberto em apoio ao prefeito. No dia 22, aconteceu a audiência de conciliação sob um forte ato da categoria, em que o prefeito voltou atrás em pontos importantes. O fim da greve foi votado no dia 23 de fevereiro.

Por Diogo Leal, de Florianópolis (SC)