Passeata na Consolação
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Os professores do Estado de São Paulo realizaram uma importante jornada de luta contra o governo Alckmin e o Projeto de Lei Complementar 26/2005, que ameaçava demitir mais de 100 mil professores e precarizar ainda mais as relações de trabalho. Desde o final de setembro, quando foi publicado o PLC do desemprego, a categoria iniciou um importante processo de mobilização que culminou na decretação da greve a partir de 21 de outubro.

No dia 5 de outubro, 30 mil professores protestaram em frente à Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), o que obrigou o governo a um primeiro recuo, retirando temporariamente o PLC da pauta da Alesp para reapresentá-lo posteriormente. Os professores, conscientes dessa vitória parcial e da manobra do governo, deram continuidade ao calendário de luta com a assembléia do dia 14, que reuniu quase 10 mil professores na Praça da República e no dia 21, em nova assembléia no Masp, decretaram a greve da categoria.

Mal começava a greve e o secretário de Educação, Gabriel Chalita, realizou uma teleconferência que atingiu mais de 5 mil escolas onde declarou, segundo o Diário Oficial de 26 de outubro, que nenhum professor será demitido e que o PLC 26/2005 não irá à votação da Alesp. O Diário Oficial divulgou ainda que até o final de dezembro o governo estadual vai efetivar 31 mil professores concursados em 2003 e 2005.

Essa nota do Diário Oficial representou um novo recuo parcial do governo e uma nova vitória da categoria. Essa vitória foi fruto da mobilização da categoria. Foi a greve que forçou Alckmin e Chalita a mais um recuo parcial.

No entanto, essa vitória não está completamente garantida. Os professores de São Paulo seguem mobilizados e em estado de alerta, exigindo ainda o limite de 35 alunos por turma, nenhuma sala de aula fechada e estabilidade para os professores contratados através da publicação imediata da Resolução de Atribuição de Aulas para 2006.

Oposição Alternativa se fortalece
A direção majoritária do sindicato (Articulação Sindical, ArtNova, do PT; e Corrente Sindical Classista, corrente do PCdoB) colocou-se desde o início como um obstáculo absoluto à luta em defesa do emprego dos professores. Se dependesse da burocracia sindical, os professores de São Paulo estariam amargando a perda de mais de 100 mil postos de trabalho.

Esses burocratas não reconheceram a assembléia do dia 5 de outubro, que contou com 30 mil professores, quiseram impedir a instalação da assembléia do dia 14, com quase 10 mil professores, e realizaram uma assembléia fechada na quadra do Sindicato dos bancários com 500 professores, na manhã do dia 21, para aprovar a compra de 33 apartamentos!

Para José Geraldo, o Geraldinho, diretor da Apeoesp e membro da Oposição Alternativa, “a vitória contra o PLC do desemprego se deu porque a categoria atendeu ao chamado da Oposição Alternativa e demais correntes de oposição e passou por cima da direção majoritária do sindicato. Essa greve abriu uma nova etapa da disputa pela direção do sindicato. A Articulação Sindical não dirige a capital e grande São Paulo e perdeu todas as votações importantes nas últimas assembléias e esteve na prática contra a mobilização em defesa do emprego. O que aconteceu na Apeoesp é um exemplo para as oposições sindicais que estão construindo a Conlutas de que é possível dirigir importantes lutas de categorias chaves da classe trabalhadora brasileira contra a direção pelega dos sindicatos ligados à CUT”.