É greve por tempo indeterminado na África do Sul. Sexta-feira, 20 de agosto foi o terceiro dia consecutivo de greve convocada pelos sindicatos do setor público. Ao protesto aderiram um milhão e 300 mil trabalhadores, que reivindicam salários mais altos.

Os sindicatos pedem um aumento de 8,6% nos salários e um subsídio habitacional de 137 dólares. O ministro do serviço público, Richard Baloyi, quinta-feira mandou a polícia disparar balas de borracha e água com canhões para dispersar a multidão. E sexta-feira, 20 de agosto, o governo mobilizou o exército para evitar novos bloqueios entorno dos hospitais e das escolas que são os principais objetivos dos manifestantes.

Na greve participam além dos professores, policiais, enfermeiros, guardas de fronteira. Os sindicatos afirmam que isso é só o início de uma temporada de protestos. A greve levou ao fechamento das escolas e ao bloqueio das entradas de diversos hospitais. Os professores, vestindo a camisa vermelha do seu sindicato, resistem aos ataques da polícia lançando pedras e tijolos.

“A greve é por tempo indeterminado. Ela continuará até que haja uma melhoria, enquanto o governo não aceite nossas reivindicações”, disse Fikile Majola, secretário geral da Allied Workers Union, um dos principais sindicatos do país.

O “mês de graça” que se viu na África do Sul durante a Copa do Mundo de futebol é já uma recordação distante, e retorna o descontentamento social em um Estado com 43% da população que vive abaixo da linha da pobreza. E o protesto está já se estendendo ao setor privado e está se generalizando.

Quinta-feira cruzaram os braços também 700 mil metalúrgicos. Todos reclamam um aumento dos salários, com as negociações para a renovação do contrato de trabalho que tinham sido interrompidas.

“Pedimos um aumento de 15 por cento – diz o sindicalista metalúrgico Karl Cloete – e que os trabalhadores recebam pontualmente e ainda que sejam colocados fora da lei os intermediários do trabalho temporário, um fenômeno contrário ao princípio de um emprego digno”.

E aqui que os primeiros resultados da luta começam a chegar e a se fazer sentir também fora dos confins da África do Sul. Sexta-feira, uma agência de notícias, a Agi News On, informou que a General Motors foi forçada a elevar os salários em 10% aos seus funcionários na África do Sul. A decisão, a mesma adotada pela Toyota no país, chega depois de oito dias de greve convocada pelo sindicato que representa 31 mil empregados do setor automotivo sul-africano. E para o próximo 2012 é espera-se outro aumento de 9% nos salários.

Um primeiro sinal positivo; importante para todos os funcionários públicos e dos setores privados que estão ainda lutando e é mais uma demonstração que somente a luta por tempo indeterminado vence.

Tradução: Rodrigo Ricupero