Após uma greve de 15 de dias, os bancários arrancaram dos banqueiros uma proposta que, embora aquém das possibilidades dos bancos e das necessidades da categoria, superou os 11% de reajuste que reivindicava a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT).

A Federação Nacional dos Bancos (FENABAN) ofereceu, para salários até R$ 5.250 reajuste de 7,5%. Para salários acima desde valor, R$ 393 fixos ou 4,29%, o que for maior. O piso foi reajustado em 16,33%. Nos bancos públicos, os 7,5% foram estendidos a todos e o piso, reajustado em 13% (Banco do Brasil) e 12% (Caixa Econômica Federal).

As concessões foram possíveis pela força da greve, a maior dos últimos anos, além da conjuntura favorável, com o segundo turno das eleições presidenciais, que colocou para o governo a urgência em pôr fim ao movimento.

Mas, para os bancários que fizeram a greve, era possível conquistar mais. Nas principais bases do país – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, as assembléias que aprovaram os acordos da CEF e BB foram disputadas voto a voto, apesar do poderoso operativo de desmonte da greve montado pela direção dos bancos e a CONTRAF/CUT. Os gerentes e a burocracia conseguiram, por muito pouco, aprovar o fim da greve, contra a vontade dos grevistas.

O desfecho prematuro da greve reforça para os bancários a conclusão de que a CONTRAF/CUT, em nome da preservação do governo, deixou de defender a categoria e, por isso uma nova direção para o movimento é cada vez mais necessária.

Em 2011, haverá eleição do Sindicato de São Paulo. O Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB/CSP-Conlutas) apresentará uma chapa de oposição e chama a integrá-la todos que queiram construir uma direção independente dos governos e banqueiros. “Os companheiros da Intersindical, que hoje compõem, como minoria, a diretoria do Sindicato, defenderam conosco, contra a direção majoritária, a continuidade da greve nos bancos públicos. Queremos aprofundar esta unidade contra a burocracia, com uma chapa comum para as eleições no próximo ano”, diz Ângelo Argondizzi, da Oposição Bancária.

Post author Juliana de Oliberira, de São Paulo
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