Os 15 mil operários do maior complexo petroquímico da América Latina estão de braços cruzados desde o dia 9 de abrilOs trabalhadores das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, em greve há mais de duas semanas, realizaram uma grande manifestação no dia 25 de abril. Eles exigem reajuste salarial, aumento no vale-alimentação, além de melhorias no transporte, alojamento e refeição.
Após uma assembleia no Comperj, os operários se dirigiram à sede da Petrobrás, no Centro do Rio, para exigir que a estatal intervenha no conflito. Foram necessários mais de 20 ônibus para levar os trabalhadores até a capital.
Embora a construção do complexo seja de responsabilidade da Petrobras, as obras são feitas por 27 consórcios com grandes empreiteiras, incluindo gigantes como a Camargo Correa e a Delta, envolvida no escândalo com o bicheiro Cachoeira (página 4).

Após protestarem na sede da estatal, os cerca de mil operários caminharam em passeata rumo à ALERJ, na Praça XV, para pressionar os deputados estaduais.
Além de melhores condições de trabalho, os trabalhadores reivindicam reajuste de 12% do piso de R$ 860. Outra reivindicaçào é a contratação de mulheres operárias e de homossexuais, o que é vetado pelos consórcios, que discriminam estes trabalhadores.
Muitos trabalhadores reclamam da forma como o sindicato tem conduzido a greve, inclusive da redução do índice de reajuste de 18% para 12%. Por outro lado, militantes do PSTU e a CSP-Conlutas marcado presença na greve. “Isso aí levantou uma esperança. Com essas pessoas aí, o sindicato já fica com medo, pois sabe que nós não estamos sozinhos. Tem gente do PSTU que está ajudando a gente. Gente da CSP-Conlutas que sobe no carro de som. Isso amedronta o sindicato”, diz um operário do Comperj, durante o congresso da CSP-Conlutas, e que teve o nome preservado.
Greve no PAC

O Comperj é uma das principais obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com duas refinarias e uma plataforma, a serem entregues em 2014. As empreiteiras, porém, além de se negarem a negociar, tratam o movimento com repressão, cortando salários de grevistas, demitindo e, segundo trabalhadores, até mesmo mantendo alguns operários em cárcere privado.

A greve se soma às revoltas de Jirau, em Rondônia, e à greve em Belo Monte, no Pará. “Não é possível que o governo federal se mantenha omisso. As obras do PAC são tocadas com dinheiro público, é obrigação dele intervir nesses conflitos em defesa dos trabalhadores” afirma Atnágoras Lopes, dirigente da CSP-Conlutas, que acompanhou as mobilizações no Comperj e em Belo Monte.