Apesar dos crescentes recordes de lucros que a Petrobras vem obtendo, a empresa se nega a conceder aumento real aos petroleirosMais uma categoria decidiu partir para a greve contra o arrocho salarial. Petroleiros de todo o país indicaram greve nacional, de cinco dias, a partir do dia 19 de outubro. Eles reivindicam reajuste salarial de 13,2%. A direção da Petrobras propôs, primeiramente, um reajuste que cobre apenas a perda com a inflação, o que obrigou a categoria a deliberar pela greve nacional, caso não haja melhora na proposta da empresa.

Depois disto, a Petrobrás apresentou uma nova proposta, concedendo 12,12%, porém, a proposta vale apenas para os trabalhadores da ativa, discriminando os aposentados e os novos contratados.
Na semana passada, os petroleiros fizeram paralisações parciais de 24 horas em unidades da Petrobras de todo o país. Além do reajuste salarial, os trabalhadores ainda reivindicam isonomia entre novos contratados e os demais funcionários, além da isonomia entre ativos e aposentados.

Os petroleiros ainda exigem uma nova política de segurança. Retrato dramático da falta de segurança em que os petroleiros vivem é a Bacia de Campos. Entre 2003 e 2004, 14 trabalhadores morreram em acidentes com helicópteros na unidade. No dia 22 de julho deste ano, seis petroleiros morreram na queda de um helicóptero.

O papel da Federação e da CUT

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), comandada pela Articulação, está se negando, durante todo o tempo, a denunciar a política do governo Lula de sucateamento e privatização da Petrobrás.

Além disso, a corrente cutista se mantém vacilante, propondo reajustes rebaixados. Para se ter uma idéia, o cálculo das perdas salariais da categoria realizado pela FUP não leva em conta o período FHC. Só para repor as perdas dos petroleiros do período que vai de setembro de 1994 a agosto deste ano, seriam necessários 40,88% de reajuste. Desta forma, a FUP vende a idéia que os 13,2% reivindicados abarcam, além de reajuste, aumento real.

Ao invés de já ter convocado uma greve geral da categoria, a FUP se limitou a chamar “greves pipocas”. “Essa política vacilante fez com que os petroleiros da unidade de Caxias, que entraram em greve por tempo indeterminado, saíssem da paralisação”, afirma Eduardo Henrique, do Bloco Alternativo Sindical de Esquerda, bloco de oposição à direção da FUP/CUT. “Agora, precisamos manter o indicativo de greve e impedir qualquer manobra da FUP para desmobilizá-la”, defende Henrique.

Lucros astronômicos

Se a intransigência dos banqueiros em oferecer reajuste a seus funcionários, apesar dos enormes lucros obtidos no governo Lula, causou indignação na sociedade, no caso da Petrobras isso é bem pior.

Só no primeiro semestre deste ano, a empresa lucrou mais de R$ 7 bilhões. Comparação feita pela Folha de S.Paulo constata que o lucro da Petrobras é maior que os lucros reunidos dos seis maiores bancos do país. Juntos, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Unibanco, Real/ABN-Amro e Banespa/Santander faturaram R$ 6,8 bilhões.
Post author Diego cruz, da redação
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