Bancários aprovam greve em São Paulo
Sérgio Koei

MNOB vai propor aos Comandos de Greve a aprovação de uma moção exigindo de Lula a abertura de negociação nos bancos públicosBancários de todo o país cruzaram os braços no último dia 24, quinta-feira. A greve nacional já começou forte e se ampliou ainda mais no segundo dia. Os bancários protestam contra a proposta rebaixada realizada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) durante as negociações da campanha salarial da categoria.

Apesar de o lucro dos maiores bancos do país superar os R$ 14 bilhões só nesse primeiro semestre, os banqueiros apresentaram uma proposta que cobre apenas a inflação no período, ou 4,5%. Ou seja, nada de aumento real. Além disso, a proposta de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) dos bancos somaria um valor inferior ao recebido pela categoria em 2008.

Como se isso não bastasse, os bancários enfrentam demissões, como as ocorridas de processos de fusão dos bancos (Santander e Real; Itaú e Unibanco). Sofrem ainda com a sobrecarga de trabalho.

A reposta da categoria foi uma greve que, de adesão, já supera a greve de 2008. Os dois primeiros dias de paralisação contaram com o fechamento de mais de 4.700 agências bancárias e centros administrativos. “A greve está muito forte, atingiu até agora 80% dos locais de trabalho no país, só em São Paulo mais de 35 mil bancários pararam”avalia Wilson Ribeiro, bancário do Banco do Brasil e dirigente da Oposição.

Defasagem
Enquanto a direção da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) e os sindicatos cutistas reivindicam reposição salarial de apenas 10%, o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MONB) exige 30% de reajuste, já que, só de perdas acumuladas de julho de 2004 a agosto deste ano, os bancários amargam 24% de defasagem. Ou seja, o que pede a CUT e seus sindicatos é menos da metade das perdas. Já a Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito, a outra confederação, originada da antiga CGT) reivindica 25% de reajuste.

O MNOB exige ainda mesas específicas de negociação que atendam os bancos públicos. Isso porque os bancários de bancos como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal sofrem com perdas de, respectivamente, 80% e 90%. “Mesmo que por enquanto ainda não tenha se definido nada no âmbito da Fenaban, orientamos que continuemos a greve nos bancos públicos”,afirma Wilson.

Já a negociação com a Fenaban continua no impasse, diante da intransigência dos banqueiros.

Moção
Na reunião do Comando Nacional de greve neste dia 28, o MNOB vai cobrar dos Comandos de Greve a aprovação de uma moção exigindo de Lula que force a abertura de negociação no Banco do Brasil e na Caixa Federal, ajudando assim a pressionar por negociação também nos bancos privados.

ENTENDA

PERDAS ACUMULADAS (de julho de 2004 a agosto de 2009)

Bancos privados – 23,25%

Banco do Brasil – 80,49%

Caixa Econômica Federal – 90,84%

O QUE REIVINDICA:

Contraf-CUT – 10%

Contec – 25%

MNOB – 30% e mesas específicas para repor as perdas nos bancos públicos