LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Corrent Roig

  1. Em primeiro lugar, felicitamos o povo da Catalunha que, com sua coragem e determinação, desafiou a brutal repressão do Estado, defendeu o referendo com unhas e dentes, votou em massa e impôs uma derrota espetacular ao regime.
  2. A jornada de hoje mostra que, para vencer, não há garantias além das nossas próprias forças, da auto-organização a partir de baixo dos jovens, dos trabalhadores e dos setores populares.
  3. Ficamos felizes com as importantes demonstrações de solidariedade, de enorme importância política, recebidas do resto do Estado: do País Basco, de Madri, de Sevilha e de muitos outros lugares.
  4. Se já não tivéssemos tido o suficiente até agora, este 1º de outubro mostrou, sem nenhuma dúvida, que este regime monárquico que sofremos é um regime herdeiro do franquismo, absolutamente irreconciliável com as liberdades e com o direito legítimo de um povo de exercer seu direito de autodeterminação.
  5. Denunciamos as forças que, dizendo-se de esquerda, como o PSOE-PSC, deram apoio político a Rajoy e permitiram esta brutal intervenção do Estado.
  6. Denunciamos também a atuação vergonhosa dos governos e instituições da União Europeia, assim como do governo dos Estados Unidos, que não duvidaram em alinhar-se com a repressão contra um povo decidido a votar.
  7. As cenas brutais de repressão, completamente indiscriminadas, atingindo idosos, crianças e pessoas de todas as idades, com mais de 800 feridos, exigem uma resposta massiva e imediata.
  8. Por isso, chamamos todo mundo a participar massivamente da GREVE GERAL DO DIA 3, convocada pela esquerda sindical, com o apoio dos movimentos sociais e das organizações de esquerda. O fato de que a CCOO e a UGT também tenham se somado, e que até agora se opunham, é uma vitória da jornada e mostra a força da mobilização.
  9. É hora de que a classe trabalhadora saia com força à luta contra a repressão e por liberdades e faça isso com sua própria voz, incorporando também suas próprias reivindicações (como, por exemplo, a revogação das reformas trabalhistas, pelo fim da precarização, por aposentadorias dignas garantidas pelo orçamento público e para reverter os cortes).
  10. Seguindo o caminho da auto-organização que realizamos hoje, vamos preparar a greve geral a partir de baixo, com assembleias massivas e coordenando os sindicatos com os comitês de defesa do referendo, representantes dos trabalhadores das empresas, dos estudantes, dos bairros e dos movimentos sociais.
  11. Também é necessário organizar sem demora uma Jornada Estatal de Luta contra a repressão e em defesa do direito dos povos de decidir. Esta é uma tarefa fundamental e urgente para as Marchas da Dignidade.
  12. O levante popular que aconteceu hoje, o fato de que, vencendo uma enorme repressão, uma clara maioria do censo eleitoral tenha votado e os próprios resultados da votação exigem do governo da Generalitat e do Parlamento da Catalunha a proclamação imediata da República catalã. Essa é a vontade popular. Terminou o tempo de contemporizar. Não há nenhuma via para um referendo pactuado, como dizem Ana Colau ou Pablo Iglesias. Eles sabem disso perfeitamente. Não há nenhuma possibilidade de decidir o futuro nacional e social da Catalunha se não houver uma ruptura imediata com este regime herdeiro do franquismo.
  13. Somente se proclamarmos a República catalã teremos a possibilidade de decidir livremente nossa relação com o resto dos povos do Estado. A união livre que defendemos somente pode ser fruto de um acordo entre povos livres.
  14. A proclamação sem demora da República catalã tem que vir acompanhada da abertura de um processo constituinte democrático e popular, no qual o povo trabalhador, que somos a grande maioria, definamos a Catalunha que queremos.

Corrent Roig, 1º de outubro de 2017

Tradução: Raquel Polla