Técnicos administrativos, estudantes e professores entram em greve para defender a Educação pública gratuita e de qualidade!Nesta última quinta-feira, 11 de agosto, uma assembleia unificada entre as três categorias que compõem a universidade lotou o Teatro da Reitoria pela manhã, com quase mil pessoas, e organizou uma pauta de reivindicações comum. O Teatro se levantou ao final da assembleia gritando “UFPR tocando o terror, é greve de estudante, funcionário e professor!”. Em seguida, estudantes, professores e técnicos administrativos marcharam em direção à sala de Conselhos na Reitoria da universidade, onde entregaram uma carta de reivindicações ao Reitor.

Durante a tarde, em assembleia da categoria, os professores deflagraram greve a partir do dia 16 de agosto! Uma grande vitória, pois desde 2001 não havia greve de professores na UFPR. Também data desse mesmo ano a última assembleia unitária e greve das três categorias.

Este exemplo deve ser seguido pelas outras universidades, pois somente com uma greve nacional forte da educação federal, poderemos derrotar os projetos nefastos do governo às universidades!

As perspectivas de o governo atender as reivindicações dos trabalhadores estão distantes. Guido Mantega, ministro da Fazenda, anunciou que não irá conceder aumento salarial aos servidores federais, como resposta à crise econômica mundial. Querem que os trabalhadores paguem pela crise, enquanto salvam os bancos e empresas que ficam com metade do orçamento da união.

A unidade com todos os que estão lutando é necessária e deve se expressar na construção de uma forte jornada de lutas de agosto, assim como na Marcha a Brasília no dia 24 deste mês.

O governo Dilma criminaliza os que lutam!
Nunca antes na história deste país, um governo utilizou o Superior Tribunal de Justiça para tentar acabar com uma greve. A Advocacia Geral da União acionou o STJ, que deliberou por manter 50% dos técnicos trabalhando, assim como deixa a FASUBRA, sindicato nacional, e entidades filiadas sujeitas a multa de 50 mil reais por dia.

Esta ação nada mais é do que uma tentativa de tornar ilegal um movimento grevista forte, de criminalizar os que lutam e se colocam contra as políticas do governo. Não à toa, a greve dos bombeiros no Rio foi duramente reprimida, assim como os que se manifestaram contra a presença de Barak Obama no Brasil. Mas, assim como os bombeiros não se renderam e seguiram suas lutas ainda mais radicalizados, os técnicos administrativos seguem fortes com sua greve.

Vimos recentemente uma onda de greves da educação básica em vários estados. Na medida em que estudantes e professores das universidades forem se somando à greve dos técnicos para construirmos uma greve não somente de uma ou de outra categoria, mas das universidades, a defesa da educação pública ganhará outros contornos.

A luta dos estudantes e trabalhadores deve-se fortalecer para podermos impor uma derrota ao governo e sua tentativa de criminalização da greve e dos que lutam! É preciso unificar as lutas do funcionalismo público federal a nível nacional, as lutas das campanhas salariais, dos estudantes e dos movimentos sociais!

O papel histórico dos estudantes….
“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu, aqui está presente o movimento estudantil” passou a ser novamente a palavra de ordem cantada pelos estudantes da UFPR nos últimos dias. Segundo a professora aposentada, Milena Martinez, esta palavra de ordem já era cantada pelo movimento estudantil desde os tempos da luta contra a ditadura na UFPR e por isso ela emociona quando toma corpo e voz dos estudantes. E hoje, está mais viva do que nunca, quando estudantes nas ruas, protestam no Chile em defesa da educação, contra um ensino destruído pelos planos neoliberais implementados naquele país. Quando a juventude ocupa as praças na Espanha, em Portugal e se levanta na Inglaterra, motivada pelo exemplo dado pela juventude na praça Tahir no Egito.

Os estudantes da UFPR em luta estão tomando uma posição, a de estarem ao lado da classe trabalhadora e esta é uma lição para toda a vida. Não defender os trabalhadores, a futura classe da maioria da juventude, é se render aos ataques do governo para destruição da educação e saúde públicas no Brasil.

“Estudante na rua, governo a culpa é sua!”
No dia 4 de agosto, a assembleia com cerca de 500 estudantes deliberou por greve de estudantes em apoio à greve dos servidores das universidades federais e pelo atendimento de uma pauta de reivindicações próprias.

Os estudantes lotaram o Restaurante Universitário central, local onde funciona o comando de greve dos técnicos administrativos. Em mais de três horas de assembleia expressaram apoio à luta contra os projetos do governo Dilma, como o PL 549/2009, que prevê o congelamento salarial dos servidores federais por 10 anos e o PL 1749/2011 que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A., acabando com a unidade acadêmica entre Hospitais Universitários e universidades.

“Nossas lutas não foram em vão” e “estávamos certos quando ocupamos a reitoria em 2007” foram conclusões de algumas falas que reivindicaram a ocupação de reitoria de 2007 contra o REUNI. Em alguns campi e cursos abertos após a implementação deste projeto, existe indignação com as condições precárias de trabalho e estudo, assim como de estruturas para professores e estudantes.

Em 2007 os estudantes da UFPR foram os primeiros a ocuparem a reitoria contra a aprovação do REUNI. Este exemplo foi seguido pelas várias universidades federais que travaram uma importante luta contra este ataque às universidades, na defesa da autonomia universitária, da democracia nas instancias de deliberação nas universidades e por uma expansão de qualidade.

Há um sentimento na UFPR de que as lutas hoje são uma continuidade das lutas contra o REUNI. O PNE proposto pelo governo somente aprofunda o caráter destes projetos implementados pelo governo Lula, como o PROUNI e o REUNI. O PNE não pode ser disputado em um Congresso onde uma das maiores bancadas é composta pelos donos do ensino privado. Os estudantes lembraram que uma campanha nacional pelos 10% do PIB para a educação pública está sendo construída e que haverá um plebiscito para ajudar na mobilização.

Estudantes de todo o Brasil, vamos todos construir as jornadas de agosto e marcha a Brasília do dia 24! É hora de lutar pela universidade pública e por uma revolução na educação brasileira!

Todos à Assembleia Nacional da ANEL dia 25 de agosto em Brasília!