Júlio Anselmo

Júlio Anselmo, do Rebeldia – Juventude da Revolução Socialista

É preciso avançar na luta. Os estudantes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) estão mostrando o caminho: luta e greve. É preciso parar todas as universidades, com estudantes e trabalhadores juntos. Se não há condição da universidade funcionar, temos que parar e não ficar estudando e trabalhando em condições deploráveis.

A situação nas universidades públicas é degradante. Vários reitores estão colocando como possibilidade real o fechamento das universidades pela falta de recursos. A diminuição de serviços prestados já está em vigor na maioria delas. É insustentável garantir o funcionamento mínimo de tantas instituições federais de ensino sem a mínima verba necessária para tal.

As bolsas e a pesquisa científica no Brasil sofrem o mesmíssimo problema. Ninguém sabe se amanhã terá condição para continuar sua pesquisa diante dos sucessivos cortes de verbas e de bolsas. O governo cortou 5613 bolsas da CAPES, com a repercussão negativa da medida, voltou atrás e reverteu o corte de 3182 bolsas. No total, já foram cortadas só na CAPES 8629 bolsas, o que significa 9% do total. Para o ano que vem o quadro é ainda mais desolador, com possibilidade de perda de mais de 80% das verbas do CNPq por exemplo. Isso tudo em um país com um número baixíssimo de doutores.

A resposta a esta situação dramática, no início do ano, foram as grandiosas manifestações de maio onde se combinaram a luta do movimento estudantil com a greve dos profissionais da Educação, gerando uma das maiores manifestações dos últimos anos. Diante do aumento das queimadas a resposta veio também das ruas, com manifestações gigantescas contra Bolsonaro e a sua a política de destruição da Amazônia para favorecer o agronegócio e os grandes grupos capitalista. Está sendo convocada uma semana internacional de luta sobre o clima para este mês.

Agora temos que transformar a nossa indignação em uma onda grevista como nunca. Essa greve deve ser preparada já para extrapolar para toda a educação, e também se combinar com a luta de todas as categorias.

Os trabalhadores dos Correios fizeram uma poderosa greve contra o governo contra a privatização e os ataques do governo. Seguem mobilizados e em estado de greve. Os petroleiros também estão em campanha salarial e contra a privatização, com possibilidade de greve. Estão lutando contra o projeto de Bolsonaro de transformar o país em colônia, entregando as riquezas da nação para os EUA e destruindo nossa soberania. Chegou a hora da Educação entrar em greve também. Unificar todas as categorias para parar o país.

Vamos construir lutas e paralisações nas universidades nos dias 2 e 3 de outubro! Mas precisamos de uma data comum de todas as categorias! Vamos todos aos atos do clima dia 20! Apoiaremos todas as greves que estão ocorrendo. Mas vêem o problema? É preciso que consigamos nos unificar, com um calendário comum de todas as categorias e setores. Com mobilizações unitárias, datas conjuntas e uma pauta comum.

Estudantes lutando contra a privatização dos Correios e da Petrobrás. Carteiros e petroleiros defendendo a universidade pública. As organizações ambientais defendendo a pauta da classe trabalhadora. Os trabalhadores comprando para si a pauta ambiental. É possível e necessário unificarmos as lutas e termos um plano de ação conjunto! Unidos somos fortes e podemos derrotar o Bolsonaro, Mourão, Guedes e Maia!

Greve Geral da educação e unificação das lutas
Se depender da UNE, das cúpulas dos sindicatos pelegos e das centrais sindicas (com exceção da CSP-Conlutas) a coisa não vai pra frente mesmo. O movimento estudantil e os trabalhadores já mostraram que estão dispostos a lutar, falta é organização e um plano consequente de luta. Por exemplo, nos Correios as direções sindicais já estão dando para trás na greve por conta da pressão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e da judicialização da greve. Se não nos unificarmos, os tribunais e o governo vão nos vencer um a um.

É preciso construir nossa greve pela base, exigindo dos sindicatos sua deflagração. Podemos inclusive avançar para a eleição de um comando nacional de greve. As categorias e setores que forem entrando na greve tem que eleger seus representantes ao comando unificado de todos os trabalhadores e estudantes.

O PT, PCdoB e PSOL, ao invés de se jogarem de cabeça na luta, estão prestando um desserviço. Estão mesmo preocupados é com as eleições. Já fazem cálculos eleitorais e arranjos para terem candidaturas unificadas de “centro-esquerda” e a briga é para ver quem encabeça. E por “centro-esquerda” leia-se: frentes com setores da burguesia para governar do mesmíssimo modo que o PT já fez por mais de dez anos. O que não só não resolveu os problemas do povo como ainda deu brecha para o surgimento de Bolsonaro.

Bolsonaro está destruindo a educação pública! Chega de Bolsonaro e Mourão!
O governo Bolsonaro quer destruir a educação pública. Basta ver que no ano que vem o corte na Educação será de 17% das verbas de acordo com a proposta que o governo enviou para o Congresso.  Para infraestrutura de creches e escolas públicas, a proposta é retirar R$ 230,1 milhões dos R$ 500 milhões, ou seja mais da metade das verbas.

Ainda há o plano de Bolsonaro de militarização das escolas. Querem que 10% das escolas sejam militares. Longe de resolver o problema da educação, essa medida vai agravar, até porque é preciso investimentos, democracia e liberdade, e não autoritarismo nas escolas. Isto é parte de toda uma política de intromissão ideológica conservadora na universidades e escolas. Uma cruzada obscurantista contra a ciência, as conquistas democráticas dos estudantes e trabalhadores e contra o direito à educação.

Seu alvo prioritário são as universidades. Por isso o projeto “Future-se” foi apresentado e visa ampliar a privatização, desobrigar o investimento público e colocar o ensino superior público submetido a Organizações Sociais, precarizando desde o trabalho docente até a própria administração.

A luta em defesa da educação e contra a retirada de direitos tem que ser o pontapé que faça com que este governo vá ao chão. Para defender a educação pública, a Amazônia e nossos direitos é preciso derrotar este governo.