Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), fechada na manhã deste dia 30
Redação

No último dia 23, as cúpulas das principais centrais sindicais mantiveram a contragosto a Greve Geral de 30 de junho com o lema “Vamos parar o Brasil contra a reforma trabalhista, em defesa dos direitos e da aposentadoria”. Queriam desmarcar a greve, mas devido à reação vinda da base e à pressão da CSP-Conlutas, foram obrigadas a manter. Porém não fizeram o menor esforço para que a greve ocorresse em diversos setores. Em outros, decidiram, pura e simplesmente, se posicionarem contra. Nas vésperas da greve, declararam na imprensa que não iam parar, apenas fazer alguns atos.

As cúpulas da UGT e da Força Sindical, com Paulinho da Força à frente, estão negociando com o governo. São favoráveis à retirada de inúmeros direitos dos trabalhadores, desde que o governo mantenha a indecência do imposto o imposto sindical. Assim, toparam o dia 30 para inglês ver. A UGT se negou a paralisar os ônibus em São Paulo e em outros estados em que dirige sindicatos. Diante do anúncio da UGT, CUT e CTB defenderam que os metroviários de São Paulo também não parassem.

A direção da Força, de fato, operou para que os metalúrgicos que estão sob sua direção não entrassem em greve. Já a CUT, disse estar a favor da greve, mas tem como prioridade realizar atos pelas “Diretas Já”, junto com a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Essencialmente, são atos que defendem o campo do governo anterior (PT) e a sua candidatura em 2018. É por isso que tais atos não se massificam. Isso explica o fato de a CUT tentar desmobilizar os metalúrgicos do ABC Paulista e ter parado muito menos do que poderia, especialmente nas fábricas.

Junto com a operação desmonte da cúpula de parte das centrais, burguesia, governo e Justiça passaram a ameaçar criminalizar com multas e outras medidas as categorias que vão parar. Apesar de tudo, batalhões pesados da classe operária, dos trabalhadores, incluindo transportes de importantes cidades e importantes estados, vão cruzar os braços.

Vão parar, por todo o Brasil: petroleiros de São José dos Campos (SP) e de várias regiões do país; eletricitários, metalúrgicos, químicos, trabalhadores da alimentação, trabalhadores do transporte (rodoviário e metroviário) de várias capitais como Fortaleza, Porto alegre e outras, estivadores da Baixada Santista, químicos do ABC, metalúrgicos e químicos de Sorocaba, metalúrgicos do Paraná e do Espírito Santo, construção civil de várias cidades, professores, bancários, servidores públicos federais, municipais e estaduais em diversos estados, como é o caso dos funcionários da USP em São Paulo.

Nesta sexta-feira, muitas categorias cruzarão os braços, e haverá uma série de manifestações. Mas poderia ser muito maior, poderia ser maior que o 28 de abril, se não fosse o fato de as principais centrais sindicais não construírem de verdade a Greve Geral. Justo num momento em que o governo Temer está por um fio e que o Congresso Nacional está ocupado por notórios bandidos e se desmoraliza cada dia mais, querendo fazer avançar a proposta de reforma trabalhista, as direções das maiores centrais sindicais operam o desmonte do dia 30, reduzindo o número de paralisações, boicotando a sua realização, diminuindo seu tamanho e caráter.

Precisamos e podemos parar toda a produção do país numa forte greve unida a grandes manifestações que derrubem de vez não só as reformas, mas também o governo e Congresso.

Mesmo com o boicote e desmonte pretendido pelas cúpulas das principais centrais, o dia 30 será importante. Será fundamental, no entanto, que todo trabalhador tire lições. A principal delas é que precisamos organizar pela base a nossa indignação para termos força para passar por cima de direções que não cumprem o papel que deveriam cumprir em defesa dos interesses da classe trabalhadora.

 

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