A greve da educação se fortalece em cada canto do país. Os estudantes, junto aos professores e técnico-administrativos, protagonizam o maior e mais forte movimento grevista da Educação da última década. Inspirados pela juventude que luta em todo o mundo, os estudantes brasileiros resolveram dar um basta na situação de descaso com a Educação.

Sem negociação, a saída é a radicalização!
O governo Dilma, por outro lado, está cada vez mais duro com as negociações. Além de tentar enrolar todos os grevistas e desmarcar reuniões, Dilma orientou o corte dos salários do funcionalismo. Mas, a dureza do governo não desanima o movimento. Pelo contrário, estimula a radicalização.

Entre os estudantes, já são mais de 50 universidades em greve. A indignação pela falta de respostas levou à radicalização, com a ocupações de reitoria da Universidade de Brasília e Federal do Paraná. Dia 3 de julho, a partir do Comando Nacional de Greve Estudantil, foi organizado o Dia Nacional de Mobilizações, que ficou conhecido como 3-J e foi um grande sucesso. Diversas cidades realizaram simultaneamente protestos, atos de rua, agitação em praças públicas etc. E, agora, organizam suas caravanas para a Marcha Nacional, no dia 18 de julho, em Brasília, junto com os docentes e servidores.

Greve se volta contra o projeto educacional do governo
Se, em momentos de crescimento econômico, o governo apenas fez aumentar o lucro dos banqueiros e empresários, cortando verbas da educação e sem ultrapassar a marca dos míseros 5% do PIB de investimento, agora usa os efeitos da crise econômica como argumento para não negociar. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que até a vaga promessa dos 10% do PIB para a educação a serem atingidos em 2023, aprovados na Câmara na última versão do PNE, poderia “quebrar o estado brasileiro”. E ainda teve a cara-de-pau de afirmar: “Não podemos brincar em serviço em período de crise. Conto com os senhores nessa cruzada para impedir que esse aumento aconteça, senão vai ameaçar as contas públicas”. Em resposta, a greve diz: ameaçado está o futuro de milhões de jovens, enquanto o governo não priorizar a Educação.

Vamos seguir lutando fortemente contra as políticas econômica e educacional do governo, contra o Reuni e por 10% do PIB pra educação pública, já! Porque não aceitaremos mais 10 anos de enrolação e nem que a verba para a educação vá para os tubarões do ensino, como defende o nefasto PNE.

UNE trai a greve e é rechaçada pelos estudantes
Nesta greve, a União Nacional dos Estudantes já deixou claro mais uma vez que escolheu o lado do governo federal, traindo os estudantes. A ANEL alertou, no início da greve, que ou a UNE rompia com o governo de vez ou seu apoio à greve seriam apenas palavras vazias. Não precisou de muito tempo para a máscara cair.

A UNE está permanentemente traindo a greve estudantil, criando grandes teatros para tentar iludir os estudantes. Mas os estudantes não são bobos e percebem que quem é a favor do Reuni e do PNE não tem como estar ao lado da greve. Por isso, o repúdio a essa entidade é uma grande marca desse movimento.

Não apenas precisaremos pressionar o governo Dilma e o Ministério da Educação para negociar o que de fato é a Pauta Nacional de reivindicações da greve estudantil. Essa greve também tem como tarefa denunciar o papel traidor da UNE. O movimento estudantil brasileiro, que tem história e hoje mostra a sua força, a cada dia mais está seguro que só com a sua luta independente poderá arrancar as vitórias que tanto sonha.

A reorganização avança: o lugar da esquerda da UNE é na ANEL!
Esse grande ascenso dos jovens brasileiros vai deixar marcas no movimento estudantil. A VI Assembléia Nacional da ANEL já foi expressão categórica do avanço da reorganização, aglutinando amplos setores independentes grevistas e a entidade saiu mais forte para organizar e unificar nacionalmente os lutadores.

A formação do Comando Nacional de Greve Estudantil é outra prova categórica da força da reorganização. Se a UNE não é mais capaz de unificar e dirigir a greve e impulsionar o processo de criação do Comando, foi a ANEL e a esquerda da UNE, junto com setores independentes, que cumpriram esse papel. O movimento grevista passa por fora da UNE e necessariamente se volta contra essa entidade.

Esta greve tem provado a falência da UNE e, mais do que isso, o quanto é um esforço em vão construí-la pela oposição de esquerda. Os companheiros da juventude do PSOL, que hoje constroem a esquerda da UNE, argumentam que ainda há estudantes honestos para disputar nos fóruns da UNE e que não podemos abandonar 75 anos de história…

Queremos dialogar com os companheiros: em nome da incrível história do movimento estudantil brasileiro, precisamos dedicar nossos esforços na construção do movimento estudantil independente! Os “estudantes honestos”, a vanguarda da greve estudantil, estão nas assembléias, nos atos de rua, ocupando reitorias, e dizendo que a UNE não lhes representa! Além disso, a participação dos companheiros nos fóruns da UNE passa longe de questionar a hegemonia do PCdoB/PT na entidade. Serve apenas como argumento para legitimar a UNE como “representação dos estudantes”, por toda a “pluralidade de forças e idéias”.

E perguntamos aos companheiros sobre os fóruns da ANEL: não teriam então “estudantes honestos” para dialogar e construir a luta em conjunto? Dentro da ANEL, os companheiros teriam, além de toda a democracia para expor suas opiniões e decidir os rumos da entidade, muito mais aliados para fortalecer a luta.

Esta greve mudará a história do movimento estudantil brasileiro. Ela deixa clara a necessidade de uma entidade nacional, baseada na democracia de base, independência e aliança com os trabalhadores. O II Congresso Nacional da ANEL, que acontecerá em 2013, aglutinará o conjunto dessa experiência e representará um salto na reorganização do movimento estudantil, enfraquecendo ainda mais as forças governistas. A Juventude do PSTU apostará todas as suas fichas nesse projeto. E reforça o convite a todos(as) os(as) lutadores(as), que se deixem inspirar pelo espírito inovador que vem das lutas da juventude em todo o mundo e tomem o futuro do movimento estudantil em suas mãos.