Há três dias paralisados, servidores estaduais de Alagoas decidiram nesta sexta-feira, dia 19, continuar a greve. Apesar de o governo garantir o pagamento dos cortes referentes ao mês de janeiro, os meses subseqüentes estariam comprometidosApostando na dispersão típica de final de ano, o plano do governador recém-empossado Teotônio Vilela (PSDB-AL) de revogar o reajuste concedido aos servidores públicos estaduais em maio de 2006 está em vias de naufragar. Isso porque uma onda de protestos inundou as ruas de Maceió desde a última terça, dia 16, culminando com uma greve geral do funcionalismo e uma passeata com mais de 5 mil pessoas na quinta, dia 18.

Alegando ter compromissos com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e que o reajuste concedido aos servidores entornaria os “limites permitidos” pela LRF para gastos de pessoal, o que implicaria no não pagamento da dívida interna do Estado com a União, Vilela resolveu anular o decreto que reajustava os já arrochados salários dos servidores desde maio do ano passado. A medida impopular do governo foi o suficiente para os policiais civis deflagrarem greve ainda na terça, seguidos pelos servidores da educação, saúde e ampla parcela do funcionalismo estadual. Ainda ontem, os policiais militares, em assembléia, resolveram adiar a decisão sobre o aquartelamento, levando as tropas do exército a ficarem em estado de prontidão.

Governo encurralado
O governador não resistiu à pressão dos servidores e já no segundo dia de manifestação teve que ceder, decidindo pela revogação do decreto por ele mesmo sancionado. A determinação veio após a mega-ocupação da Secretaria da Fazenda de Alagoas, que contou com a adesão de centenas de servidores de diferentes categorias.

Precavendo-se de mais protestos, o governo tratou de noticiar através da imprensa de imediato o resultado da reunião em que se comprometeu a manter o aumento salarial. Ainda segundo o governo, o pagamento será feito através de folha suplementar em 8 dias, salvo a parcela de 80% da isonomia concedida aos professores com nível superior, tendo o governo, segundo sua proposta, um prazo de 30 dias para se pronunciar sobre o assunto.

Os professores não devem aceitar essa proposta, que de início fora negada pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteal), ligado à CUT. No entanto, contradizendo-se com o que disse, o presidente da delegacia da Central no estado, segundo o Folha Online, num intervalo da reunião de ontem, de não haver disposição do governo em “flexibiliar” os cortes. Por outro lado, a Conlutas em Alagoas já solidarizou-se, lançou nota em apoio à ocupação, e não abre mão do pagamento integral e imediato dos salários a todos servidores públicos estaduais atingidos pelo decreto. Até o presente momento, a ocupação ao prédio da Secretaria permanece e a decisão sobre os rumos do movimento em breve deverão ser conhecidas.