Antes de mais uma assembleia com os trabalhadores da GM de São José dos Campos, nesta quarta-feira, dia 25, os diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região reuniram os trabalhadores em pequenos grupos. O objetivo era conversar com os operários. Informar os últimos acontecimentos, como a audiência no Tribunal Regional de Campinas ocorrida no dia anterior, e ouvir, principalmente ouvir, a opinião dos metalúrgicos mais de perto.
 
Os trabalhadores da montadora, que fazem uma das mais fortes greves dos últimos tempos em defesa dos seus empregos, ouviam e falavam. Ao retomarem um dos métodos mais tradicionais da luta operária – a greve por dentro da fábrica – denunciavam o assédio e a pressão da empresa, perguntavam sobre a negociação, sugeriam táticas ao Sindicato.
 
É assim, exercendo a democracia operária, que os trabalhadores da GM e o seu Sindicato chegaram nesta quarta-feira ao sexto dia de paralisação, que atinge 100% da produção.
 
A continuidade da mobilização foi aprovada em mais uma grande assembleia. Os metalúrgicos também decidiram mudar a estratégia. Por enquanto, decidiram ir pra casa e só vão retornar diariamente para a realização de novas assembleias, que vão definir os rumos do movimento.
 
A empresa já sente o golpe. Já começa a faltar peças para as plantas de São Caetano do Sul e Gravataí.
 
Antes de voltar para casa, os trabalhadores percorreram, a pé e de carro, a avenida marginal da Rodovia Presidente Dutra, atrás do caminhão do Sindicato. À frente, uma faixa exigia: “Dilma, proíba as demissões na GM”.
 
O Sindicato exige que a presidente Dilma Rousseff (PT) assine uma medida provisória garantindo estabilidade no emprego para os trabalhadores. Os metalúrgicos também querem que a presidente os receba para uma reunião.
 
 
Intransigência x mobilização
Na audiência de conciliação, o TRT e o Ministério Público chegaram a propor a realização de lay-off durante cinco meses, com mais três meses de estabilidade, e continuidade das negociações.
 
Essa proposta foi aprovada na assembleia desta quarta-feira pelos trabalhadores, mas a GM continua irredutível em seus planos de demitir 798 funcionários e, por isso, não aceitou a proposta do TRT. Como não houve acordo, o caso segue agora para julgamento, em data a ser definida.
 
Está claro que a GM quer usar o lay-off para demitir a qualquer custo. Mas, os trabalhadores se mantém mobilizados e com disposição de luta. É preciso cercar de solidariedade e todo apoio essa mobilização“, afirma o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal, Toninho Ferreira.
 
A luta em defesa dos empregos não é só com a GM, mas também com o governo Dilma, que sempre beneficiou as montadoras e agora não tem coragem para intervir a favor dos trabalhadores. Nossa luta é para garantir estabilidade no emprego e acabar com a ganância das multinacionais neste país, com medidas como a proibição da remessa de lucros e a estatização as empresas que demitem em massa“, defendeu Toninho.