Um exemplo de luta contra a tentativa de jogarem a crise nas costas dos trabalhadoresHá sete meses os trabalhadores da Vale Inco Canadá enfrentam com a dureza da empresa e sua política anti sindical para defender direitos históricos. A Vale tem jogado tudo para derrotar a greve e impor a retirada de direitos. Não é um mero capricho. É uma necessidade dupla, impor a derrota econômica e ao mesmo tempo, e mais importante, impor uma derrota política no que se transformou em um símbolo de resistência contra a política das multinacionais ante a crise econômica internacional.

O exemplo de luta e resistência dos mineiros canadenses da USW de Sudburry, PortColborne e Voisey´s Bay é uma ameaça perigosa para a política de saída da crise que os banqueiros e multinacionais querem impor em todo o mundo.

Greve da Vale-Inco coloca em jogo quem paga pela crise econômica: os trabalhadores ou as empresas
Com a explosão da crise econômica internacional ficou claro desde o início qual a política do imperialismo, das multinacionais e dos bancos para sair da crise: transferir para as costas dos trabalhadores de todo o mundo os prejuízos que eles geraram.

Essa política de jogar para a classe trabalhadora o peso da crise se expressa de duas maneiras. A primeira transferindo trilhões de dinheiro público pelos governos em todo o mundo para salvar os bancos e as multinacionais. O dinheiro que durante décadas não existia para investimentos em saúde, educação, políticas públicas, aposentadorias com o inicio da crise apareceu como um passe de mágica. A segunda atacando diretamente os trabalhadores com demissões, retirada de direitos, redução salarial, precarização completa das condições de trabalho entre outros.

Infelizmente assistimos a maioria das direções sindicais internacionais aceitarem a lógica imposta pelas multinacionais e seus governos.

É este debate mais estratégico que transforma a greve dos trabalhadores da Vale Inco em um patamar de destaque na conjuntura internacional.

A resposta: Vale Tudo para derrotar os trabalhadores e impor a retirada de direitos
Como não poderia deixar de ser a resposta da Vale à greve tem se mostrado de uma dureza implacável. Várias declarações da empresa mostram que a questão fundamental não é econômica. Os resultados que acabam de ser divulgados de balanço da empresa também não deixam dúvidas. Lucro em 2009 de U$ 5,3 bilhões mesmo gastando U$ 445 milhões nos dois últimos trimestres em “despesas com a ociosidade das operações de níquel no Canadá” ou cerca de U$ 100 milhões de gastos comprando níquel neste período em função da greve. Traduzindo, a Vale está gastando muito mais para quebrar a greve do que os custos em manter o atual contrato coletivo que reivindicam os trabalhadores. Em um último número, aparece de maneira categórica a razão da empresa. Enquanto gastou US$ 1,9 bilhão em salários e benefícios de todos os seus trabalhadores no mundo, para remuneração dos acionistas foram distribuídos cerca de US$ 2,75 bilhões.
Vale Tudo para garantir os lucros dos banqueiros e especuladores internacionais.

Ataques da Vale se aprofundam em janeiro e criminalizam o direito de organização dos trabalhadores
Preocupada com a disposição de luta dos trabalhadores canadenses e a solidariedade internacional expressa em várias iniciativas por todo o mundo a Vale está querendo quebrar à greve de qualquer maneira.

Em janeiro anunciou a tentativa de retomada da produção de níquel no Canadá contratando “fura greves” terceirizados.

A Vale tem claro o papel que cumpre a greve dos trabalhadores canadenses na possibilidade de organização internacional de todos os explorados e atingidos pela política anti trabalhista e anti meio ambiente da empresa. Na esteira do processo de luta dos companheiros canadenses se organiza o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale que se realizará entre os dias 12 e 15 de Abril no Rio de Janeiro.

É preciso ampliar a solidariedade
A vitória dos trabalhadores canadenses é a vitória de todos que lutam em defesa dos trabalhadores e que não paguemos pela crise promovida pelos banqueiros e multinacionais.

Devemos colocar a greve dos trabalhadores canadenses no seu lugar real. O de uma disputa muito mais que um ou outro direito específico ou corporativo. Uma luta que expressa o debate atravessado em todos os conflitos sindicais e trabalhistas no mundo: quem deve pagar pela crise? A resposta tem que ser categórica: que a crise seja paga pelos que a fizeram, banqueiros e empresários.

As organizações que participam da preparação do I Encontro de Atingidos pela Vale definiram o dia 17 de março como um dia de denúncia da empresa e de solidariedade à greve dos trabalhadores canadenses. Nos próximos dias será discutido e organizado outras iniciativas de apoio e solidariedade.