Os servidores de Santo André (SP) iniciaram sua greve na última quinta-feira, 16 de junho. Eles reivindicam a reposição das perdas salariais, que já acumulam 47,31% desde a posse do prefeito João Avamileno (PT), e melhores condições de trabalho. Segundo o sindicato dos Servidores (Sindserm), há um aumento nas terceirizações e um deficit de funcionários em muitos locais. “Um médico atende, em média, 250 pessoas por dia. É quase uma consulta a cada três minutos. Não dá pra ter qualidade desta forma”, denuncia a diretora Silvana Gomes.

A defasagem salarial e a necessidade de novos concursos públicos fizeram com que a greve fosse ganhando força. Nos primeiros dois dias, o movimento alcançou cerca de 30% da categoria, com mais adesão entre os funcionários da Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental). Resultado da ação do comando de greve e das visitas aos locais de trabalho, na segunda, 20, a greve tomou um novo impulso com mais setores parados na Saúde e com 13 escolas completamente paralisadas.

Além de suas reivindicações imediatas, outro fator que tem contribuído para o fortalecimento do movimento é a crise política do país, com as denúncias como a do ‘mensalão’. “É muito grande a revolta dos trabalhadores com os esquemas de corrupção”, conta Silvana. O Sindicato tem denunciado a corrupção no governo Lula, com faixas e bonecos, com os dizeres: “Para os deputados, mensalão. Para o trabalhador, nenhum tostão”. Além disso, faz a denúncia da prefeitura petista, que alega não ter como reajustar os salários, mas destina 8% da folha de pagamento para os comissionados.

REPRESSÃO – Na terça, a prefeitura, percebendo o crescimento do movimento grevista, iniciou a repressão e o boicote. Pela manhã, a guarda municipal foi deslocada para uma unidade da Semasa, para garantir a saída dos veículos. Como nenhum funcionário estava disposto a furar a greve, o próprio subcomandante da Guarda Municipal tentou sair dirigindo uma kombi e romper o piquete. Os trabalhadores mantiveram o bloqueio, gritando “Nada entra e nada sai”, e a Polícia Militar agiu com violência. Os policiais atacaram com golpes de cassetete e spray de pimenta. Dois diretores do sindicato foram presos, sob a acusação de impedirem o ‘direito de ir e vir’ e só foram liberados no início da noite.

A ofensiva da prefeitura petista conseguiu um efeito inverso, fortalecendo o movimento. Ainda na terça, cerca de 500 servidores fizeram um ato no Paço Municipal, e depois lotaram o plenário da Câmara Municipal, contra o adiamento de uma reunião de negociação. Das galerias, gritavam ‘olha o mensalão’ para os vereadores, e o presidente da Casa teve de interromper a sessão.

Um novo ato está marcado para esta quinta, quando finalmente acontecerá a negociação com a prefeitura. A paciência com a prefeitura está se esgotando e aumentando a decepção com o PT. Em depoimento ao jornal Diário do Grande ABC, um manifestante declarou: “A greve é direito do trabalhador e nosso prefeito (João Avamileno) participou de várias paralisações, só que agora ele se esqueceu porque está do outro lado”.