Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

A greve nacional dos trabalhadores dos Correios está entrando na quinta semana. Os trabalhadores da empresa protagonizam neste momento a maior luta e o maior enfrentamento contra o governo reacionário de Bolsonaro, Mourão e Guedes, que querem arrancar os direitos dos trabalhadores e privatizar os Correios.

A estatal é presidida pelo general Floriano Peixoto, que tem aplicado a política de arrocho e de sucateamento numa das maiores e principais empresas públicas do país. Desde a campanha para as eleições de 2018, o então candidato Bolsonaro e o seu “posto Ipiranga”, Paulo Guedes, nunca esconderam o desejo de entregar a soberania do Brasil com a venda das estatais, com destaque para os Correios. Eles têm aproveitado a pandemia de COVID-19 para fazer avançar esse projeto.

Floriano Peixoto aplica a política genocida da não garantia de equipamentos de segurança aos trabalhadores. O resultado é a morte e o alto número de trabalhadores contaminados. Os trabalhadores dos Correios estão entre os mais atingidos pela pandemia, perdendo apenas para os profissionais da saúde. De cada mil mortes pela COVID-19 no Brasil, uma é de um trabalhador dos Correios.

Em defesa dos direitos

Em meio à pandemia, além de lutar em defesa da vida, os trabalhadores dos Correios estão defendendo os direitos conquistados. A direção da empresa está mancomunada com os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), avançando de forma feroz. Das 77 cláusulas do acordo coletivo, 70 estão sendo retiradas por Floriano Peixoto. Nem mesmo o vale-alimentação ficou de fora. Bolsonaro quer matar os trabalhadores pelo vírus e pela fome.

Os trabalhadores receberem o pior salário de todas as estatais. O piso salarial não chega a dois salários mínimos. “Não podemos aceitar a retirada dos nossos direitos como pretende o governo genocida de Bolsonaro e a direção da empresa, comandada pelo general Peixoto. A greve é necessária, precisa ser fortalecida e apoiada. É uma greve em defesa das nossas vidas, dos nossos direitos e contra a privatização dos Correios”, afirma Geraldinho Rodrigues, da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) e militante do PSTU.

Fortalecer a greve

A greve nacional, construída pelos 36 sindicatos e pelas duas federações da categoria, é forte. Mas é preciso que o conjunto da classe trabalhadora brasileira abrace essa luta. É o que defende Atnágoras Lopes, militante do PSTU e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

“Os trabalhadores dos Correios estão realizando uma greve histórica. A direção da empresa segue intransigente. Na audiência, o Tribunal Superior do Trabalho não cedeu um milímetro. Manteve a proposta de retirada das 70 cláusulas do acordo coletivo. Por isso, é importante o fortalecimento da greve como o único caminho para a vitória”, defende Atnágoras.

A CSP-Conlutas tem exigido das demais centrais sindicais a construção de um dia nacional de mobilização, paralisação e protestos em apoio à greve dos trabalhadores dos Correios. A central também tem indicado que ativistas gravem vídeos e que os sindicatos coloquem faixas em apoio à greve.

A empresa está descontando os dias paralisados e não paga o ticket alimentação desde o mês passado. A CSP-Conlutas está realizando uma campanha de arrecadação de alimentos para os grevistas ou um valor solidário que pode ser depositado direto na conta da CSP-Conlutas nacional (veja abaixo).

– Todo apoio e solidariedade à greve dos Correios!
– Nenhum direito a menos!
– Não à privatização! Correios 100% estatal e público!
– Fora já Bolsonaro, Mourão e Floriano Peixoto!

Apoie e contribua com a greve dos Correios
Banco do Brasil
Agência: 0303-4
Conta corrente: 45570-9
CNPJ: 07.887.926/0001-90
Central Sindical e Popular CONLUTAS

ORGANIZANDO POR BAIXO

Trabalhadores de base sustentam a greve

“Os trabalhadores arregaçaram a manga e estão firmes na greve. Muitos colegas que nunca participaram de um movimento paredista aderiram. Sem dúvida, é uma das maiores greves já realizadas pela categoria. Os trabalhadores entenderam a gravidade dos ataques que o governo e a direção da empresa querem impor, arrancando nossos benefícios”, afirma o carteiro Welligton Magrão, delegado sindical em São Paulo, pelo coletivo de oposição Muda Sindicato, ligado à CSP-Conlutas.

Magrão relata que os piquetes de convencimento, organizados pelos trabalhadores das unidades, estão sendo vitoriosos apesar das vacilações da direção do sindicato. “Desde que a greve começou, eu vi um diretor do sindicato em nossa unidade. Passou rapidinho por lá. Infelizmente, temos uma diretoria sem disposição para a luta, que não passa confiança e não encoraja o trabalhador a participar da greve de forma contundente. Mas apesar da postura deles, surgiu uma organização pela base, nos locais de trabalho, que está segurando a greve”, destaca.

“Temos nos organizado em grupos do WhatsApp e Facebook, por onde trocamos informações com outras unidades, organizamos os piquetes e fazemos as avaliações do movimento. Tudo isso por fora do sindicato, que se nega a fazer comando de greve pela base. Já estamos há quase um mês de greve e até hoje não teve uma reunião nem sequer com os delegados sindicais. A greve é forte, poderia estar mais forte ainda se tivéssemos um sindicato atuante”, pontua Magrão.

O sindicato de São Paulo, filiado à CTB, só chamou a assembleia para definir a adesão à greve nacional depois de muita pressão da base. A empresa já estava impondo os ataques, e o sindicato não se movia.

“Essa pressão da base foi fundamental para a unificação da greve, como tem sido para a sua continuidade. Somos nós, trabalhadores de base, que estamos carregando a greve, nos organizando por baixo. É na luta também e por baixo que vai surgir uma nova direção à nossa categoria”, ressalta Magrão.

ATENÇÃO!

Dia 21, ocupar Brasília!

No dia 21, os trabalhadores dos Correios em greve ocuparão Brasília. Está sendo organizada uma grande caravana, de todos os estados, rumo à capital federal. Nesse dia, será julgado o dissídio coletivo da greve no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

“Vamos fazer uma grande manifestação e pressionar para que o TST julgue favorável a nós trabalhadores. A mobilização é importante e necessária, pois não podemos depositar nossas esperanças na Justiça, mas sim na nossa luta”, afirma Heitor Fernandes, militante do PSTU e também diretor da Fentect.

Dia de Nacional de Luta

Como parte do calendário de mobilização e fortalecimento da greve, o dia 17 de setembro será dia nacional de luta unificado. “Vamos realizar atos e mobilizações unificados em todos os estados. Contra a intransigência da empresa, a reposta é avançar com a greve”, ressalta Heitor Fernandes.

SAÍDA

Unir todas as lutas para derrotar os ataques de Bolsonaro e dos patrões

Os trabalhadores dos Correios estão apontando o caminho que a classe trabalhadora brasileira deve seguir: a luta! Somente com organização e mobilização é possível derrotar os ataques do governo Bolsonaro e sua trupe neoliberal, bem como os ataques dos patrões.

É preciso unificar todas as lutas. Juntar os trabalhadores dos Correios em greve com os operários da Embraer, que estão lutando contra a demissão de 2.500 trabalhadores. Unir com os trabalhadores do movimento por moradia, que lutam contra os despejos. Unificar com os servidores públicos mobilizados em defesa da vida, realizando greve sanitária, a exemplo dos trabalhadores da Justiça Eleitoral da Bahia e de São Paulo.

“Os governos e os patrões estão aproveitando a pandemia para jogar a conta da crise nas costas dos trabalhadores. Mais do que nunca, é preciso e possível preparar um dia nacional de lutas e paralisações unificado, partindo da greve dos Correios, rumo à construção de greve geral. A CSP-Conlutas tem chamado as demais centrais e as direções das categorias em luta a organizar urgentemente essa ação. Só assim poderemos derrotar Bolsonaro e seu plano econômico ultraliberal. Basta de demissões, desemprego, arrocho nos salários e aumento dos preços”, pontua Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas.