Após 21 dias de greve, os trabalhadores dos Correios conseguiram uma vitória histórica. Depois de anos de luta, o governo Lula paga em definitivo o adicional de risco, no valor de 30% do salário base de cada carteiro. Na prática, suspende a implantação unilateral do PCCS (Plano de Cargos, Carreira e Salários).

O presidente da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), Carlos Henrique Custódio, chegou a dizer que os carteiros eram simples entregadores de papel e que não mereceriam o adicional. Após essa declaração, uma greve de pouco mais de três dias em abril mostrou que “os entregadores de papel” têm força e disposição de luta. Sensibilizando toda a população, arrancaram um novo compromisso da ECT e do governo Lula.

A ECT, porém, voltou a endurecer afirmando que aplicará um PCCS unilateralmente. A medida impunha o chamado “cargo amplo”, que reúne uma série de funções em um único cargo, além de vários outros ataques.

Culpa é do governo
Diante de tudo isso, os companheiros da Conlutas propuseram greve por tempo indeterminado no dia 1º de julho, caso a ECT não cumprisse o acordo. Os governistas tiveram que ir a reboque da base.

Como o acordo não foi cumprido, a categoria foi à greve. A ECT e o governo Lula jogaram todas as “armas” para derrotar o movimento. Ameaças não faltaram: corte dos pontos, telegramas, determinação do TST para o retorno imediato de 50% dos ecetistas ao trabalho, sobre pena de multa diária de R$ 30 mil. No entanto, a grande maioria continuava em greve.

Diante do endurecimento do governo, a maioria da direção da Fentect (CTB e CUT) chama um Consin (conselho com representantes só de sindicatos, onde é vetada a participação da base). Negavam-se, assim, a realizar uma plenária nacional de base, aprovada no Conrep (Congresso de Representantes dos Correios) e defendida pelo companheiro Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, da Conlutas e do PSTU. Isto para não enfrentar o governo. No entanto, o tiro saiu pela culatra e o Consin (Conselho de Sindicatos) aprova que a responsabilidade é de Lula e seu governo.

Radicalização
A derrota da Articulação (CUT) e da CSC (CTB) no Consin, combinada com a forte pressão da base, radicalizou o movimento e as manifestações se voltaram contra o governo Lula. Os trabalhadores chegam a gritar palavras de ordem como “A greve continua, Lula a culpa é sua”.

A greve mostrou que é possível enfrentar o governo Lula, a direção da empresa, o Ministério das Comunicações e o TST. Não só enfrentar, mas vencer seus ataques. O papel cumprido pela Conlutas durante todo o processo foi fundamental para o fim vitorioso da greve. E agora, com determinação e confiança na mobilização da classe, os trabalhadores partirão para a consolidação da vitória durante a campanha salarial e a discussão do PCCS da categoria.

Post author Guilherme Fonseca, de Recife (PE)
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