Repressão contra estudantes

As mobilizações contra a reforma da Previdência do governo francês se radicalizam a cada dia, e começam a enfrentar uma dura repressão. Após a greve geral de 12 de outubro, quando 3,5 milhões foram às ruas na maior jornada de luta e paralisação nesse governo, setores como o de educação, ferroviários e refinarias de petróleo continuaram parados e a greve ainda se estendeu a outras áreas.

A paralisação das refinarias afetou seriamente o abastecimento de combustível. Nesse dia 18 cerca de 1500 dos 12.500 postos de gasolina no país estavam secos. Além disso, a paralisação dos portos impediu a importação de combustível, assim como a dos caminhoneiros, que também entraram de cabeça na greve.

Novo maio
Além do crescimento das mobilizações e das greves, nas últimas semanas os estudantes franceses aderiram em massa às manifestações. Cerca de 850 liceus estão mobilizados, 500 deles em greve, segundo o sindicato estudantil UNL. Nas regiões de Nanterre, Melun, Lyon, Nantes e Lille, ocorreram violentos confrontos com a polícia.

Só nesse dia 18, a polícia francesa havia detido 196 jovens durante os protestos. A repressão coincide com o aumento e radicalização das manifestações. Os trabalhadores franceses, sindicatos e estudantes jogam suas últimas fichas contra o projeto de reforma de Sarkozy. Ela está marcada para ser votada no próximo dia 20 no Senado.


Estudantes em Rennes realizam assembleia para aprovar greve

Já o presidente Nicolas Sarkozy se mantém intransigente e não abre mão do ataque às aposentadorias. Em entrevista nesse dia 18, ele afirmou que “a reforma é essencial e a França irá adiante com ela, tal como nossos companheiros alemães fizeram”, fazendo referência à reforma imposta pelo governo de Ângela Merkel na Alemanha.

Sarkozy implementou ainda um gabinete interministerial da crise, para impedir o desabastecimento causado pela greve. Os sindicatos, porém, não recuam diante da repressão e prometem um novo dia de greve geral e manifestações no decorrer desse dia 19. Alguns setores ameaçam ainda com greve por tempo indeterminado. A imprensa europeia já começa a falar em um “novo maio de 68”.

Entenda a reforma
A reforma da Previdência de Sarkozy atrasa o tempo mínimo para as aposentadorias dos atuais 60 para 62 anos. Para quem não tiver completado os 40 anos mínimos de contribuição (que o governo quer aumentar para 41), a aposentadoria só será possível a partir dos 67 anos (hoje essa idade é de 65). Com a crise econômica e o conseqüente aumento do desemprego e da informalidade, os sindicatos denunciam que, na prática, a idade mínima para a aposentadoria vai ser de 67 anos.

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