Petroleiros engrossam a greve dos caminhoneiros e enfrentam manobras da CUT

Eduardo Henrique e Jerônimo Castro, do Rio de Janeiro (RJ)

Na esteira da greve dos caminhoneiros, entre os dias 30 de maio e 1° de junho, os petroleiros fizeram uma greve nacional. A pauta era contra a privatização da Petrobras e os ataques diretos aos direitos historicamente conquistados pela categoria. Também pedia a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras.

A situação da Petrobras é realmente grave. A empresa vem sendo sistematicamente atacada por todos os governos. FHC acabou com o monopólio estatal de petróleo. No governo Lula, foram feitos cinco leilões e foi quando a proporção entre trabalhadores próprios da Petrobras e terceirizados alcançou o menor patamar. Como se não bastasse, Dilma fez o leilão de Libra do pré-sal, o maior da história.

Temer e Parente dão um passo significativo e anunciam a venda de quatro refinarias, avançando o Plano de Desinvestimentos iniciado por Dilma e dando o tom do pretendido desmonte do parque de refino de petróleo que já vinha propositalmente sendo sucateado e diminuindo sua produção. Isso vai restringir a Petrobras a uma exportadora de óleo cru e importadora de derivados, abrindo o mercado de refino às multinacionais petroleiras.

Para isso, seria necessário que o país aderisse ao sistema de preços internacionais, ou seja, que a Petrobras não interferisse nos preços de derivados de petróleo, pois ninguém compraria uma refinaria se, ao final, quem ditasse os preços fosse a Petrobras e não o mercado.

Porém a greve dos caminhoneiros e, em seguida, a dos petroleiros criaram um obstáculo para as intenções do governo.

ENFRENTANDO MANOBRAS DA CUT
A greve petroleira na base

Em vídeo que circula na internet, petroleiros votam pela manutenção da greve e contra a orientação da FUP

A deflagração da greve dos petroleiros esteve diretamente ligada à greve dos caminhoneiros. Todos os sindicatos petroleiros já haviam realizado assembleias e aprovado a realização da greve, mas ainda não tinha data. A greve dos caminhoneiros sacudiu o país e aumentou a pressão na base petroleira, o que levou a Federação única dos Petroleiros (FUP, ligada à CUT) e a Federação Nacional dos Petroleiro (FNP), as duas entidades que dirigem a categoria, a finalmente chamar a greve.

Entretanto, diante dos objetivos e dos inimigos que a greve enfrentaria, a convocatória da FUP jamais poderia ser por tempo determinado. O desmonte antecipado da greve confirmaria a traição.

Reação da base
Acontece que a disposição na base era forte e, antes da data marcada, começaram os atrasos e cortes de rendição em diversas unidades operacionais nas bases da FNP e, inclusive, nas bases da FUP.

No Rio Grande do Sul, impôs-se um comando de base com oposição e sindicato que deu o tom do início da greve. Em Minas Gerais, também uma direção conjunta levou a greve adiante, mesmo quando a maioria dos sindicatos já estava saindo. Eles receberam a notícia da queda de Pedro Parente em plena assembleia final, fizeram uma festa e saíram da greve com uma sensação de vitória.

Por outro lado, na Refinaria Duque de Caxias (Reduc) a direção do sindicato tentou não começar a greve no dia marcado e depois tentou suspendê-la nas assembleias seguintes, sendo derrotada pela base da categoria.

Oportunidade perdida
Apesar de toda essa possibilidade aberta, ao final do primeiro dia, a FUP resolveu desmontar a greve, e a FNP não soube apostar na superação dessa manobra a partir de suas bases e da disputa nas bases da FUP. Justamente quando a greve ia crescendo – já havia chegado com muita força às plataformas segundo a própria imprensa. O argumento principal foi uma absurda multa diária de R$ 2 milhões imposta pela Tribunal Superior do Trabalho (TST). A decisão judicial é um descalabro completo, uma intromissão no direito de greve e da livre organização sindical e deve ser rechaçada por todos. Contudo, encerrar a greve só demonstra o quanto a direção do movimento petroleiro está atrás da categoria.

RUMO À GREVE GERAL
Precisamos de uma greve nacional petroleira

A greve nacional petroleira do fim de maio foi um ensaio geral. Demonstrou que a categoria tem disposição para lutar e, mais importante, sabe como lutar e que pode superar sua direção.

Mesmo enfrentando tantos problemas, a greve dos petroleiros foi a pá de cal na presidência de Pedro Parente na Petrobras e deu ao movimento uma vitória importante, mas que apenas dará fôlego e ânimo para continuar enfrentando o próximo capataz do capital.

Ivan Monteiro, diretor financeiro da Petrobras, é seu novo presidente, trazido à empresa no governo Dilma, não significa nenhuma mudança. Pelo contrário, foi a cartada que o Temer tinha na mão.

Segue vigente a necessidade de marcar já uma greve nacional dos petroleiros em defesa de uma Petrobras 100% estatal sob controle dos trabalhadores. Que unifique com os demais setores da classe trabalhadora e construa uma greve geral que pare todo o país e ponha para fora Temer e todos os corruptos.