Nas eleições privatizadas, o PSTU se mantém independente, não aceita dinheiro da burguesia e realiza suas campanhas através das contribuições de ativistas, militantes e trabalhadores.

Um dos temas que mais tem indignado a população é o tema da corrupção na política, que se tornou sinônimo de malandragem, de enriquecimento ilícito. Tudo que o sistema capitalista toca, corrompe. A aparente democracia e igualdade, no fundo, é uma farsa. Nas eleições, elege-se quem tem grana e quem é apoiado pelos grandes meios de comunicação, isto é, pelos grandes empresários.

As milionárias “doações” feitas pelas empresas revelam que os governos são comprados antecipadamente. Os políticos são corrompidos antes mesmo de assumirem. As eleições foram privatizadas e as campanhas hoje são milionárias e bancadas pelas grandes empresas, empreiteiras e bancos.

Quem paga a banda…
O governo de Lula estremeceu dianta do escândalo do mensalão em 2005. Mas passaram despercebidas as “doações” que os empresários fizeram à candidatura Lula em 2006. Lula recebeu, oficialmente, cerca de R$ 100 milhões. Os banqueiros entraram com R$ 10,5 milhões. As empreiteiras com R$ 10 milhões. Já as mineradoras deram R$ 5,5 milhões, sendo R$ 4 milhões só da Vale. Lula Recebeu também R$ 6 milhões das siderúrgicas. Isso só o que foi contabilizado.

A maior “doação” individual veio do agronegócio. A Cutrale doou R$ 4 milhões. Curiosamente, Lula favorece estas grandes empresas. Inclusive emprestando dinheiro público do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social) para elas ganharem o mundo, pagando baixo juro e a longo prazo. Só a Vale recebeu R$ 7 bilhões do BNDES em 2007.

Nesse quadro, as eleições em Belo Horizonte revelam novidades na política nacional. A amplíssima maioria dos candidatos se autodenominam “socialistas” ou “comunistas”. A maioria, porém, é governista. Os grandes partidos (PT e PSDB) se uniram, lançando como candidato um empresário milionário, Márcio Laceroda (PSB), com o apoio de Lula. O atual prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) são os principais cabos eleitorais do empresário, que estimou seus gastos de campanha em nada menos que R$ 14 milhões.

A “esquerda” financiada pelas grandes empresas
Na capital mineira, a candidatura de Jô Moraes, do PCdoB, lidera a corrida com cerca de 20% das intenções de voto. Jô Morais, com o seu partido, participa do governo municipal de Pimentel e federal de Lula. Expressa um programa semelhante ao programa petista aplicado em Belo Horizonte.

Nessas eleições, Jô e o PCdoB cumprem um papel nefasto. Diferenciam-se da chapa PT-PSDB para atrair o eleitorado descontente com essa união. Para não deixar este eleitor optar por alternativas revolucionárias, O PCdoB se lança para conquistar este espaço e levá-los de volta para o berço da frente popular, ou seja, do governo Lula. O PCdoB critica a união PT-PSDB em Belo Horizonte, porém, seu candidato à reeeleição para a Prefeitura de Aracaju (SE), é coligado com o PT e o PSDB.

A candidatura de Jô Moraes, além disso, é patrocinada por um dos maiores empresários de Minas, o vice-presidente José Alencar (PR). Grandes empresas também financiaram sua última campanha (e do seu partido, o PCdoB) nas eleições de 2006. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, Companhia Siderúrgica Nacional, Caemi Mineração (subsidiária da Vale), Camargo Correia, Odebrecht, Embraer, Votorantim.

Para as eleições de 2008, Jô Moraes informa que gastará R$ 7 milhões. O PCdoB está crescendo em todo o país, financiado por grandes empresas. Estimativas registradas nos TREs mostram que o PCdoB gastará cerca de R$ 36 milhões somente nas 15 capitais e maiores cidades do país. Onde um “partido comunista” conseguirá tamanha fortuna?
Por outro lado, a candidatura de Sérgio Miranda (ex-deputado do PCdoB, expulso porque votou contra a reforma da Previdência do governo Lula), com tradição no meio sindical e popular, optou por manter as suas atividades políticas no PDT. Em Minas, o PDT apóia todas as políticas neoliberais de Aécio. É da base aliada do governo Lula, ocupando inclusive o Ministério do Trabalho. Nas eleições de 2006, Miranda também recebeu recursos de grandes empresas como a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e Gerdau-Açominas.

Post author Nazareno Godeiro, de Belo Horizonte (MG)
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