A inflação corrói cada vez mais os salários. No primeiro semestre, categorias importantes como os trabalhadores da construção civil foram à luta por reajustes e conquistaram grandes vitórias. Agora, setores de peso da classe, como metalúrgicos, petroleiros e bancários entram em campanha salarial. A Conlutas aprovou em seu congresso o esforço para unificar essas campanhas numa grande luta por reajuste, contra a inflação e a retirada de direitos. Essa é a batalha que a Coordenação Nacional de Lutas está levando para as bases das categorias.

Metalúrgicos lutam por reposição e aumento real

Após derrotarem o banco de horas na GM, os metalúrgicos de São José dos Campos (SP), filiados à Conlutas, partem agora para a luta pela reposição dos salários e por aumento real. A data-base de vários setores da categoria ocorre em agosto.

A reivindicação dos metalúrgicos é 18,83% de aumento salarial. O índice foi definido pelos sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Santos, que fazem uma campanha salarial unificada que reúne mais de 130 mil trabalhadores. O percentual inclui a reposição da inflação, que deve chegar a 8,45%, e um aumento real de 9,57%.

“Para calcular o aumento real, levamos em conta a média do crescimento dos vários setores da indústria, que tem sido muito expressivo no último período”, disse José Gonçalves Mendonça, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José. Além disso, os metalúrgicos reivindicam o gatilho salarial, ou seja, a reposição automática toda vez que a inflação atingir os 3%. Os sindicatos também vão brigar por aumento do piso salarial e contra o banco de horas.

“Se considerarmos os produtos com que os trabalhadores mais gastam o seu salário, como alimentos, o índice de inflação é muito maior. Ou seja, os nossos pedidos estão completamente de acordo com a realidade do país”, acrescentou Mendonça.
Os metalúrgicos lutam ainda pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos direitos e dos salários.

Bancários lutam por reposição das perdas
Os bancários estão iniciando sua luta pela reposição das perdas salariais dos últimos anos. Apesar dos lucros recordes dos bancos, os trabalhadores das instituições financeiras sofrem um arrocho de 31,56% desde julho de 1994, durante o governo FHC. Já os bancários dos bancos públicos sofrem perdas que chegam a 102%, como é o caso dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Os funcionários do Banco do Brasil têm perda de 93%.

Apesar disso, a Contraf propõe um índice de apenas 13,5% nas negociações. Isso é menor que a rentabilidade dos bancos no último período, de 20%. Por isso, o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) realizou um Encontro Nacional Alternativo para impulsionar uma pauta de luta nesta campanha salarial. “Vamos disputar essa pauta nas assembléias da categoria em todo o país”, afirmou Wilson Ribeiro, bancário da CEF.

O encontro reuniu 100 bancários de 13 estados e aprovou lutas como a reposição salarial, gatilho contra a inflação (sempre que chegar a 3%), isonomia salarial aos concursados desde 1998, que recebem piso inferior, além da redução da jornada e contra o banco de horas. Além disso, o MNOB se coloca contra a interferência do governo federal nos bancos estaduais, em incorporações como a que ocorre na Nossa Caixa e outros bancos, como o banco do Piauí e o Banco Estadual de Santa Catarina.

O MNOB propõe ainda a unificação das lutas das categorias mobilizadas. As assembléias da categoria ocorrem esta semana e a Oposição Bancária espera protocolar as reivindicações na próxima.

“Essa campanha salarial será uma grande campanha, quer seja pela insatisfação que há na categoria, quer seja pela organização do MNOB, que está avançando cada vez mais”, conclui Wilson.

Petroleiros lutam para repartir lucros da Petrobras
Apesar dos lucros cada vez maiores da Petrobras e das recentes descobertas de novos campos de exploração, a vida dos trabalhadores da estatal do petróleo não melhora. Por isso, os petroleiros iniciaram em julho uma grande mobilização. Reivindicam PLR (Participação nos Lucros e Resultados), o fim das perseguições políticas e o pagamento do dia do desembarque.

Hoje, os petroleiros que trabalham nas plataformas permanecem 14 dias embarcados. No 15º dia, o do desembarque, porém, eles ficam à disposição da empresa antes de irem para suas casas. No entanto, sem receber.

Além dessas reivindicações, para a campanha salarial, os petroleiros do Base/Conlutas (Bloco Alternativo Sindical de Esquerda), corrente sindical ligada à Conlutas, propõem como eixos da campanha a luta pela reposição das perdas, aumento real e gatilho salarial sempre que a inflação chegar a 3%.

Contra a empresa e os governistas
Os petroleiros da Bacia de Campos (RJ), no Norte Fluminense, realizaram uma forte greve de 14 a 18 de julho, enfrentando a truculência da direção da empresa. A Petrobras chegou a acusar os trabalhadores de motim. Petroleiros de todo o país paralisaram por 48 horas em solidariedade.

Diante disso, a FNP (Frente Nacional dos Petroleiros), frente de oposição que reúne sindicatos ligados à Conlutas, Intersindical e alguns da CUT, além de independentes, fez um chamado à unidade da categoria para a deflagração de uma forte greve nacional em 5 de agosto. Mas a FUP (Federação Única dos Petroleiros), que dirige a maioria dos sindicatos, aceitou um acordo rebaixado da Petrobras e voltou atrás do indicativo de greve.

O acordo para pôr fim à greve sequer foi apresentado oficialmente e a direção da Petrobras exigiu que ele fosse aceito. “Não aceitamos chantagem ou coação. Para a FNP, quem decide se uma proposta é boa ou ruim são os trabalhadores. A democracia operária vem em primeiro lugar. Não somos correia de transmissão da direção da empresa”, afirma manifesto divulgado pela frente.

A Frente Nacional dos Petroleiros defende a rejeição da proposta da empresa, assim como o indicativo da FUP, e a reafirmação da greve com parada da produção. Os sindicatos da FNP estão em estado de greve. Enquanto fechávamos esta edição, assembléias da categoria ocorriam em todo o país.

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