Quais são as reivindicações dos bombeiros?
Cleber – Queremos piso salarial de R$ 2 mil, hoje nosso salário é de R$ 950. Queremos vale-transporte e fim da política de gratificação, que escamoteia a necessidade de aumento salarial.

Quais foram as atitudes do governo do estado em relação às reivindicações da categoria?
Cleber – Desde o início do movimento, tentamos cumprir a ordem hierárquica, mas o ex-comandante geral se negou a receber nossos representantes. E o governador manteve essa postura, tratando o movimento como desnecessário e ilegal.

Vem dialogando com bombas, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e armamento letal. Está dialogando com o Bope contra os bombeiros.

Explique o que ocorreu entre sexta-feira e a manhã de sábado, dia 3
Cleber – A afirmação do governo de que o movimento é de uma minoria e com motivação política se mostrou falsa. Havia milhares de bombeiros na sexta-feira. E hoje estamos na Alerj, num domingo, com uma grande mobilização de bombeiros, mesmo com a baixa de 439 presos políticos. Todos os problemas são única e exclusivamente resultado da falta de abertura de diálogo pelo comando geral da corporação e do governo do estado. A nossa movimentação já vinha há muito tempo, e as únicas respostas verbais que tínhamos do governador eram ironias e coisas sem importância.

Isso fez com que nós, manifestantes, tivéssemos que nos esforçar cada vez mais para chamar a atenção da sociedade. Na sexta optamos por entrar no nosso quartel central para nos manter organizados, ter os ânimos e emoções sob controle e buscar abrigo. O governo do estado, vendo a ampla repercussão e o apoio do conjunto dos bombeiros e da sociedade, mandou o Bope e a tropa de choque, com todo o seu aparato, para tentar dispersar a mobilização. Diante da invasão no quartel, utilizando principalmente bombas de gás lacrimogêneo, muitos tiveram que sair para fugir do gás e não puderam regressar. Os que ficaram foram presos. Toda a violência dessa ação foi feita tendo mulheres e crianças no local.

Qual é a situação dos presos?
Cleber – Ontem advogados da OAB tiveram muita dificuldade para ter acesso aos presos políticos. Os celulares foram tomados. A falta de acesso que a PM impôs aos presos permitiu que eles ficassem sem as mínimas condições de permanência no local. Faltaram direitos básicos, como roupas, comida, banho, cama e acesso a banheiros.

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