Entre o final de maio e o início de junho, o governo Lula lançará uma nova campanha publicitária baseada no fortalecimento da auto-estima do brasileiro, divulgando boas notícias oficiais para reverter a imagem negativa do governo no último período. A nova propaganda é uma segunda etapa da campanha “O melhor do Brasil é o brasileiro”, que vem sendo veiculada desde julho do ano passado.

A tentativa de melhorar a imagem do governo e do país é uma prioridade do governo, pois as recentes denúncias de corrupção envolvendo o ministro da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, precisam ser esquecidos pela população, para que esses fatos não influenciem na aprovação das reformas e nas eleições de 2006. Lula teme um “efeito Marta”, já que os petistas avaliam que Marta Suplicy não se reelegeu para a prefeitura paulistana por não ter divulgado suas “ações positivas”.

Mas os problemas dessa campanha publicitária não estão apenas no conteúdo mentiroso da mensagem a ser veiculada para os brasileiros. Além disso, a forma de financiamento terá como base o modelo econômico neoliberal que impera no Brasil. A proposta é que a campanha seja financiada por uma Parceria Público-Privada (PPP) de comunicação. “No fundo, é o seguinte: quando você pode atender o interesse público mas fazer com que o setor privado ajude, o governo é coadjuvante nesse processo” disse o ministro da Secretaria de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken. Três entidades nacionais de agências de propaganda serão responsáveis pela parceria: a Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap), Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e Associação Brasileira de Publicidade (ABP).

A nova campanha do governo Lula lembra muito as ações publicitárias de outros governos que queriam desviar o foco de atenção da população dos problemas do país. Os presidentes que comandaram o Estado brasileiro no período da ditadura militar (1964-1985) também usavam a mídia para difundir uma visão patriótica e ufanista do Brasil. A diferença é que Lula gasta bem mais com essa área. Em 2004, o governo federal utilizou cerca de R$ 1,05 bilhão com publicidade e propaganda. Fora isso, existem ainda os patrocínios privados, como no caso dessa campanha do bom exemplo.

Luiz Gushiken acredita nas técnicas empresariais de auto-ajuda e gosta de trabalhar mensagens que despertem o orgulho de ser brasileiro. Entretanto, atualmente não vai ser fácil fazer esse discurso pegar, pois a realidade desmascara cada vez mais um Estado corrompido, uma população na miséria e um conjunto de ataques e reformas que destroem conquistas históricas dos trabalhadores. E a mentira, por mais bem financiada que seja, tem pernas curtas.