Governo não cumpre promessas sobre reforma agrária e criminaliza movimentos sociaisLula prometeu assentar 400 mil famílias até o final do mandato, sendo que 115 mil para este ano. Mas, segundo o próprio governo, apenas 36 mil famílias foram assentadas no ano passado (o MST e a CPT falam em 10 mil), que somadas às 22 mil deste ano, chegam a 58 mil, ou seja, 14% da meta do governo, que já chega à metade de seu mandato.

Até as direções do MST e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura reclamaram ao governo Lula quando foram agradecer o aumento de R$ 5,4 bilhões para R$ 7 bilhões nos recursos do Plano Safra. Dinheiro que todos sabem ser insuficiente para realizar a reforma agrária.

Além disso, Lula continua jogando contra a agricultura familiar ao liberar os transgênicos; ao não fornecer o seguro-safra, para evitar prejuízo em caso de perda, e ao não garantir a compra antecipada da produção.

MST concede nova trégua

Apesar de tudo isso, a direção do MST está dando mais uma “trégua” ao governo, desta vez para ajudar o PT nas eleições. Integrante da coordenação nacional do movimento, João Paulo Rodrigues afirmou que agora é hora de um “Outubro Vermelho”, com a vitória eleitoral do PT. José Rainha, por sua vez, declarou que o objetivo é “conter os avanços da direita” e planeja eleger nove prefeitos no Pontal e o maior número possível de vereadores petistas ou simpatizantes do MST. Ele afirma: “Temos de mobilizar o povo e, por uma questão de princípios, lutar pelo PT e pelo nosso presidente”. Já para João Pedro Stédile, a idéia é eleger “o maior número possível de candidatos progressistas”, abrindo a brecha para apoio às candidaturas do PT e de outros partidos.

Mesmo com a política de trégua da direção do MST, as ocupações aumentam. Durante o “Abril Vermelho”, ocorreram 109 ocupações, o maior número registrado em um mês. Somente entre janeiro e maio houve um avanço de 115% em relação ao ano anterior, formando um total de 213 casos.

O símbolo dessa contradição é o que ocorreu no Pontal do Paranapanema. No dia 9 de junho, 300 militantes ocuparam a fazenda Sul Mineira, em Presidente Epitácio. José Rainha não gostou e afirmou que essa ação foi planejada sem consulta às lideranças e interrompeu a trégua que o movimento está dando ao governo. Por isso, chamou os agricultores a se retirarem do acampamento “Jair Ribeiro”, o maior do MST no Estado de São Paulo. Os coordenadores do movimento reagiram e a maioria dos agricultores resolveu permanecer no acampamento.

Post author Américo Gomes, da direção nacional do PSTU
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