O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), anunciou no último dia 20 a data do leilão da Cesp, a Companhia Energética de São Paulo. A venda da terceira maior geradora de energia no país deve ocorrer no dia 26 de março, na Bovespa. A empresa renderá ao menos R$ 6,6 bilhões aos cofres do governo tucano. O edital do leilão com os detalhes da venda será publicado no próximo dia 26.

Três grandes consórcios, tendo grandes multinacionais à frente, devem disputar o negócio. Entre as empresas que estão de olho na estatal está a franco-belga Tractebel e a norte-americana Blackstone. Nos últimos preparativos para o leilão da estatal, o governo tucano resolveu colocar a venda as ações da empresa que estavam de posse do Metrô, desestatizando completamente a geradora de energia.

A fim de justificar a venda de uma empresa estratégica, o governo Serra argumenta que os recursos do leilão serão destinados a investimentos em infra-estrutura, o mesmo argumento de FHC durante os oitos anos que seu governo promoveu a farra das privatizações. No entanto, todo o processo de desestatização foi acompanhado pela deterioração do setor público e dos investimentos.

A venda da Cesp fecha o processo de privatizações do setor elétrico no estado, iniciado em 1997 com a venda da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Posteriormente, a própria Cesp foi desmembrada em várias empresas e vendida ao capital privado. A total venda da empresa estava prevista pra 2001, mas foi suspensa devido ao risco de apagão no governo FHC.

Privatização = tarifa mais alta
A estatal paulista teve origem em 1966, fruto da fusão de 11 empresas que formaram a então Centrais Elétricas de São Paulo. Ela existe como Cesp desde 1977, quando ampliou suas atividades e, para se contrapor à crise do petróleo, iniciou seus estudos sobre fontes alternativas de energia, como hidrogênio e metanol. Hoje, a empresa é a terceira maior do país e conta com seis usinas hidrelétricas.

As privatizações do setor elétrico já demonstraram o que significam ao povo, além da dilapidação do patrimônio público. Significam tarifas mais altas, sobretudo à grande maioria da população que, ao contrário das grandes empresas, não contam com subsídios públicos para pagar a energia. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a tarifa da energia subiu 400% nos últimos 10 anos. Hoje, a tarifa de energia do país é a quinta maior do mundo.

Funcionalismo estadual faz plenária
O anúncio da privatização ocorre quando o funcionalismo estadual prepara a deflagração da campanha salarial unificada de 2008. Neste dia 22, sexta-feira, ocorre a Plenária das Entidades do Funcionalismo Estadual, às 10 horas na sede da Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual de ensino. A plenária discutirá a organização do ato público unificado no próximo dia 29, além da luta contra a política neoliberal do governo Serra.

“Além da campanha salarial, a luta contra a privatização com certeza será um dos assuntos debatidos e incorporados em nossa pauta de mobilizações”, afirma Silvio de Souza, diretor da Apeoesp pela Oposição Alternativa e membro da Conlutas.

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