Enquanto as empresas anunciam férias coletivas e os trabalhadores sofrem com a perspectiva de demissões, o governo Lula implementa um pacote de medidas que privilegia os grandes bancos e empresas, sem qualquer contrapartida. O pacote vai desde a liberação de recursos aos bancos até a concessão de financiamento ao setor exportador e ajuda às construtoras.

Bolsa banqueiro
Uma das primeiras medidas do governo para combater a crise foi um pacote de benefícios aos bancos. No começo de outubro o governo anunciou mudanças na regra dos chamados depósitos compulsórios, para garantir mais recursos aos bancos. O compulsório é uma parte dos depósitos recebidos pelos bancos, que fica retido pelo Banco Central. De todo o dinheiro depositado pelos clientes, um percentual sempre fica guardados pelo Banco Central. Esses recursos servem para assegurar os depósitos dos clientes em caso de quebra do banco.

O governo reduziu esse percentual retido pelo BC, liberando às instituições mais de R$ 160 bilhões. O argumento era de que o acesso dos bancos a mais dinheiro destravaria a crise do crédito. No entanto, o que aconteceu foi o contrário. Os bancos simplesmente usaram essa grana para investir em títulos da dívida pública, beneficiando-se de uma taxa de juros de 13,75%, a maior do mundo.

Os R$ 160 bilhões liberados pelo governo não facilitaram o acesso ao crédito. Serviram apenas para engordar ainda mais o caixa dos bancos e os seus lucros, à custa do crescimento da dívida pública. Só para se ter uma idéia, o total do Orçamento da União em 2008 para o Bolsa Família não chega a R$ 10 bilhões.
Diante desse verdadeiro escândalo, o governo chegou a ensaiar um discurso contra os bancos, mas manteve a ajuda aos banqueiros.

Outra medida estudada pelo governo é o adiamento no recebimento de impostos devidos pelas empresas. A medida atende a reivindicação da CNI (Confederação Nacional de Indústrias), que quer dobrar o prazo para o pagamento de impostos como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e o Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), de 30 para 60 dias. O governo já estuda o impacto da medida no Orçamento.

Ao mesmo tempo em que coloca a possibilidade de abrir mão de um imposto que financia a Seguridade Social, o governo já confessou que nenhuma área escapará do corte no Orçamento em 2009. Ou seja, o dinheiro que o governo vai deixar de arrecadar com os impostos será compensado pelo corte em áreas como Saúde e Educação. É assim que o governo Lula lida com a crise.

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