Ao menos 40 indígenas foram assassinados pelo governo GarciaO governo peruano de Alan Garcia promoveu um verdadeiro massacre contra os povos indígenas. No último dia 5, soldados do exército e da polícia peruana atiraram contra indígenas que bloqueavam uma estrada no interior do país. A repressão deixou pelo menos 150 feridos e, no mínimo 40 mortos, segundo a principal entidade indígena do país, a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana. Mas a entidade afirma que esse número pode ser ainda maior.
O governo tenta ocultar o massacre. Há denuncias de que vários corpos das vítimas da repressão foram jogados num rio próximo. Após o massacre, o governo federal manteve a linha dura e decretou a prisão de dirigentes indígenas.
Mobilização contra TLC
Os indígenas da região amazônica peruana protestavam contra dez decretos do governo Garcia. Os decretos preparam o terreno para a implementação de um Tratado de Livre Comércio entre Peru e Estados Unidos e favorecem a entrega dos recursos naturais da região amazônica às multinacionais. Recentemente, foram descobertas reservas de petróleo na Amazônia peruana. Desde então, Alan Garcia não poupou iniciativas favoráveis à sua exploração por empresas estrangeiras. A exploração destes recursos ameaça as comunidades indígenas que moram na região. Além de sofrerem a ameaça de perderem suas terras, a extração de petróleo pelas multinacionais vai trazer devastação ao meio ambiente, de onde essas comunidades extraem recursos para a sobrevivência.
Em resposta, os povos originários da região iniciaram várias mobilizações desde o dia 9 de abril contra em 2008. Mas nos últimos dias os indígenas resolveram pressionar ainda mais o governo e bloquearam a estrada.
Já na manhã do dia 5, antes mesmo da ofensiva, Garcia ameaçou os manifestantes quando declarou publicamente que iria começar a atuar energicamente. “Quando dizem que vão bloquear e cortar gasodutos, nos deixar sem luz, o que pode fazer o governo senão atuar com energia e restabelecer a ordem?”. Depois o presidente mostrou toda sua carga de preconceito e racismo quando disse que os indígenas eram “cidadãos de segunda classe”.
Em seguida, se precipitaram os fatos. O Exército iniciou o ataque aos manifestantes disparando balas de helicópteros, além de bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. Depois, iniciaram a repressão por terra.
O que está por trás do massacre
Por trás do massacre indígena, Garcia tenta buscar derrota do conjunto do movimento operário e popular peruano para impor seus decretos neoliberais e sua política entreguista.
Como declara o Partido Socialista dos Trabalhadores (PST), seção da LIT-QI no Peru: “a greve indígena contra os Decretos Legislativos assinalava um caminho de luta para derrotar esta ofensiva do governo e empresários. Por isso, por trás da greve indígena vinha outra greve mineira anunciada para o dia 15 de julho e outras lutas como os portuários e setores populares. Por esta razão, por trás do destino da luta indígena contra os Decretos do TLC, o que está em jogo é a afirmação de um governo apoiado nas forças repressivas e os setores mais reacionários que tentam “pôr ordem” na base do sangue e fogo a fim de aplicar seu plano de ajuste e manter os ganhos das multinacionais e os capitalistas .
A nota ainda afirma que a única saída para a luta dos povos indígenas e dos trabalhadores peruanos é a convocação de um greve geral. Uma greve para derrubar o governo assassino de Alan Garcia.