Apesar de todo o esforço governista, última recontagem confirmou a prorrogação das investigaçõesO relatório parcial da CPI dos Correios, divulgado ontem, dia 10 de novembro, pediu o indiciamento de Marcos Valério e Delúbio Soares e a prorrogação da CPI até abril de 2006. Até então, a CPI estava prevista para terminar em dezembro deste ano. Entretanto, as crescentes provas que surgiram, comprovando que o Valerioduto de fato era um esquema de desvio de dinheiro público das estatais e não só um esquema de caixa dois, levaram a que fosse pedido o prolongamento das investigações.

O governo não gostou nada e fez de tudo para que a CPI não fosse prorrogada, já que 2006 é ano eleitoral e é preciso limpar a imagem de Lula e do PT. O governo havia conseguido, pouco antes da meia-noite do dia 10, derrubar a prorrogação da comissão, através de uma manobra para que 67 deputados retirassem a assinatura do pedido. Para prorrogar a CPI, eram necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 senadores.

Esforços governistas
Para retirar as assinaturas e abafar as recentes investigações, o governo não poupou esforços. Não é à toa que, nesta mesma semana, o governo liberou R$ 3,2 bilhões em verbas para investimentos e emendas parlamentares, mais ou menos como fez para garantir a eleição de Aldo Rebelo na Câmara. Essa verba estava retida para engordar o superávit primário, mas, mesmo sem ela, o governo supera o compromisso estabelecido para 2005, de 4,25% do PIB. O superávit, que é economizado para pagar juros da dívida externa, já ultrapassou esse índice, deve chegar ao final de 2005 em torno de 5% do PIB, às custas de muitos cortes no orçamento. Mas, para atrair a simpatia de parlamentares, o governo não economiza.

As liberações de verbas não foram suficientes nem para barrar a instalação da CPI em julho, nem agora para impedir sua prorrogação. Na manhã de 11 de novembro, a oposição burguesa, que lucra eleitoralmente quanto mais Lula se desgastar até 2006, pediu uma recontagem das assinaturas. Pela recontagem, novamente a decisão foi revertida e, pela diferença de uma assinatura, a CPI será prorrogada até 11 de abril de 2006. Não há mais como a base governista reverter a decisão.

Na recontagem, a Mesa Diretora da Câmara conferiu as assinaturas e uma delas era ilegível. Com isso, a base governista só conseguiu retirar 66 assinaturas, número insuficiente para derrubar o requerimento.

Nenhuma confiança na CPI e na oposição burguesa
As disputas entre os governistas e a oposição burguesa em torno da prorrogação ou não da CPI de forma alguma significam um esforço da direita para que se apure de fato os escândalos até o fim. Até porque, PFL e PSDB também estão sujos nessa história e o esquema do mensalão funcionaria desde a era FHC. Esses partidos querem a prorrogação até abril para que o desgaste de Lula se mantenha até lá e isso possa ser capitalizado para a oposição burguesa nas eleições. O governo do PT, por sua vez, fazem de tudo para limpar a imagem do governo também pensando nas eleições e em uma candidatura de Lula.

Tudo isso apenas reforça que, para haver de fato a investigação de todo o escândalo e a prisão e expropriação dos corruptos e corruptores, não dá para confiar em CPI nenhuma, é preciso que a população vá às ruas pelo Fora Todos!

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