Em abril de 2003, em uma reunião da ONU (Organização das Nações Unidas), o governo brasileiro (com o apoio do Canadá e da União Européia) apresentou a “Resolução sobre Direitos Humanos e Orientação Sexual”. Nela, defende como direitos humanos o reconhecimento dos diretos reivindicados por gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT).

Apoiada pela maioria do movimento GLBT mundial, a resolução, contudo, foi retirada em março passado, pelo próprio governo, sob a alegação de que não tinha o apoio necessário para ser aprovada.

Setores do movimento GLBT nacional (governista, na maioria) estão denunciando a retirada, mas, geralmente, poupam o governo, afirmando que os grandes responsáveis pelo recuo foram os países islâmicos e o Vaticano (que, de fato, jogaram pesado contra a medida).

Para nós do PSTU, contudo, a história é bem mais complicada. E tem a cara do governo Lula.

O que tem pautado a atuação do governo (também) neste campo é muito blá, blá, blá. Basta dizer que dois dias depois da retirada da proposta da ONU, Nilmário Miranda, Secretário de Direitos Humanos, anunciou que o governo irá apresentar um “pacote” de medidas para combater a violência e a discriminação aos homossexuais. Setores do movimento GLBT governista acreditam que, agora, a história será diferente.
O problema é que não foi apenas a pressão dos islâmicos e do Vaticano que barraram a resolução da ONU. Parte fundamental da oposição ao projeto saiu do Brasil, mais especificamente do Congresso, do Partido Liberal (do vice de Lula) e das igrejas católica e evangélicas.

Para barrar a iniciativa, vários sites, principalmente dos evangélicos, revelaram que “antes das eleições presidenciais Lula havia se comprometido, em reunião com importantes pastores, a não deixar que seu governo promovesse questões ligadas ao aborto e ao homossexualismo”.

Ou seja, parece que não foi só para o FMI e os banqueiros que Lula assumiu compromissos contrários àquilo que dizia durante sua campanha.

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