Começa a ficar cada vez mais claro que o PT e a oposição de direita (PSDB e PFL) estão fazendo um pacto pela governabilidade e impedindo o avanço das investigações dos casos de corrupção. Na última semana, um acordo entre esses partidos resultou na criação de uma CPI fantasma para tratar da lavagem de dinheiro nos bingos e o envolvimento de Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil, flagrado cobrando propina de bicheiros. Pelo acordo, a CPI foi formalmente instalada, já que havia uma determinação da Justiça, mas não irá funcionar.

Curiosamente a proposta partiu dos líderes do PSDB. No seu esforço para convencer o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador tucano Arthur Virgilio não faz questão de esconder a real motivação do acordo: “Temos de nos entender sobre uma agenda de controle da crise, pois nenhum de nós é forte o bastante para querer controlá-la”. E completou: “O PSDB não é um partido que fica jogando gasolina no fogo; sabemos que um incêndio em grandes proporções só pode interessar a um populista ou a um oportunista”.

Como não podia deixar de ser, o acordo entre governistas e oposição burguesa teve uma contrapartida para os tucanos. Em troca de uma CPI dos bingos de mentirinha, o governo prometeu não criar as CPI’s das privatizações, de irregularidades no cartão do SUS e das privatizações no setor elétrico, sendo que esta poderia revelar ao país um dos maiores esquemas de corrupção da história, comandado na época por FHC.

É óbvio, entretanto, que a oposição burguesa (PSDB e PFL) pretende desgastar o governo até as eleições de 2006. Mas está bem longe de promover um “golpe” contra o governo petista, por um simples motivo: como o PT, também estão com o rabo preso à corrupção. A oposição de direita continua apostando na falta de memória da população para tentar voltar ao poder, preservando o calendário eleitoral e retomando a roubalheira, que tanto marcou seu período no governo.

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