O ministro das relações exteriores do governo Lula afirmou que “O Brasil não está ao lado de um governo ou de outro no tema do Iraque. Queremos o desarmamento do Iraque, mas a realidade de uma guerra somente traria conseqüências negativas para o país” (OESP, 11.03). Isso eqüivale a dizer que para “desarmar” o Iraque, Amorim estaria a favor da guerra, se esta não acarretasse conseqüências negativas para o Brasil?!
O absurdo da segunda parte da frase, chega a ser inclusive contraditória com a falsa tese da neutralidade expressa pelo ministro na mesma declaração. Amorim na verdade o que faz é assumir a tese de Bush de que o Iraque representa uma ameaça para a humanidade e necessita ser desarmado.
Alguns dirão que foi um deslize do ministro. Entretanto, no mesmo dia, em um discurso para empresários, Lula afirma que a “solução ideal” é que “possamos fiscalizar devidamente o Iraque e não permitir que a guerra seja a única saída” (idem). Nenhuma palavra sobre os verdadeiros interesses em jogo nesta agressão imperialista, nenhuma palavra sobre a defesa da soberania de um povo submetido a um dos mais horrendos genocídios que a humanidade conheceu.
Para Amorim e para o presidente Lula não existe agressor e agredido. Enquanto as bombas estiverem caindo sobre a população iraquiana o governo Lula estará “neutro”. Estranha neutralidade entre agressores e agredidos. Neutralidade que defende o “desarmamento do Iraque” e nada diz sobre o arsenal nuclear americano.
No entanto, a única forma de impedir que a guerra traga “conseqüências negativas para o país” não é ficando “neutro”, é suspendendo o pagamento da divida externa, rompendo as negociações da Alca e o acordo para a instalação da base de Alcântara. A política tem sua própria lógica e é implacável. Quem não defende a soberania do Iraque dificilmente estará em condições de defender a soberania brasileira.
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