O governo Lula não cansa de demonstrar a sua submissão ao FMI; de janeiro a maio, os governos (União, Estados e Municípios) geraram um superávit primário (isto é, o desvio de recursos do orçamento público para o pagamento das dívidas interna e externa) de R$ 38 bilhões, ou 5,87% do Produto Interno Bruto (PIB), que representa o valor de todos os produtos e serviços produzidos no país. E mais, o governo realizou um superávit maior do que o acertado com o FMI, de 4,25% do PIB. Apenas a União foi responsável por R$ 30 bilhões desse superávit, mais que os R$ 24,5 bilhões gastos pela União nos primeiros cinco meses de 2004 com as áreas sociais (Saúde, Educação, Reforma Agrária, entre outros). Ou seja, Lula destinou mais dinheiro aos banqueiros do que aos trabalhadores.

O superávit primário de Lula, apesar de ter sido até maior que o de Fernando Henrique, e de ter causado níveis recordes de desemprego (devido à falta de investimentos públicos), não foi suficiente para reduzir a dívida, visto que ela subiu de 55,5% para 56,8% do PIB desde janeiro de 2003. No plano externo, continuamos dependentes dos capitais especulativos, pois, em 2004, nosso saldo comercial – com o qual conseguimos dólares para o pagamento dos compromissos com o exterior – atingirá US$ 26 bilhões, contra US$ 63 bilhões de remessas de serviços, lucros, juros e amortizações da dívida externa.

Post author Rodrigo Ávila, especial para o Opinião Socialista
Publication Date