Simultaneamente ao processo de criação da nova empresa de petróleo que estabelece o fim da Petrobras, o governo Lula quer que a Petrobras siga com o plano de investir 174 bilhões de dólares nos próximos cinco anos. Para isso, já tomou emprestados US$12 bilhões do governo chinês no início deste ano e quer tomar mais. Está chegando a eleição presidencial, e o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) necessita de mais dinheiro.

É, de fato, um negócio da China. Esse empréstimo foi em troca do fornecimento de 200 mil barris de petróleo por dia durante dez anos. Isso significa que o governo chinês receberá, no mínimo, US$51,1 bilhões, no final das contas, pelo empréstimo de US$12 bilhões, pois o preço médio do barril de petróleo, desde 2005, é em torno de US$70.

O governo Lula pretende recorrer à China, de novo, para financiar o plano de investimento de US$174 bilhões. A nova dívida contraída pelo governo Lula a ser paga no futuro pelo povo brasileiro é fácil de ser calculada: US$740,95 bilhões, no mínimo, considerando fixa a média do preço do barril de petróleo em US$70 ao longo dos próximos dez anos, ou seja, quase 10%, no mínimo, do possível valor de US$10,4 trilhões do pré-sal podem ser da China somente em troca de um empréstimo de US$174 bilhões feito pelo governo Lula.

Da forma que anda a carruagem, puxada pelo governo Lula, só vai sobrar do pré-sal enorme dívida a ser paga no futuro pela imensa maioria do povo brasileiro já empobrecido ao extremo. Coisa nenhuma vai sobrar para a educação, saúde, moradia e reforma agrária. A venda de ilusões é apenas o álibi do governo Lula para que seja estabelecido o novo modelo de doação do petróleo, o regime de partilha, referenciado no do Mar do Norte.

A Petrobras é a responsável direta pela descoberta de possíveis acumulações colossais de petróleo e gás localizadas sob espessa camada de sal (pré-sal) e lâmina de água funda do litoral do Brasil. Após a quebra do monopólio estatal do petróleo para a Petrobras, ela passa a ser uma empresa parte privada e parte pública, ou seja, uma empresa que tem 60% de suas ações negociáveis, a maioria delas negociadas em Wall Street, na bolsa de valores de Nova York. Assim, a Petrobras passa a ser uma empresa pública onde impera o capitalismo privado, cujo objetivo imediato é o lucro e nada mais.

O pré-sal é o filé mignon. É por isso que o governo Lula, mesmo não sendo o acionista controlador, quer a Petrobras no Golfo do México e no Mar Negro. A nova empresa que pode ser criada, conforme o projeto de partilha elaborado por Dilma Rousef (PT) e Edison Lobão (PMDB) vai entregar o restante do pré-sal, que corresponde 62% da área total, para as “big oil”, as multinacionais imperialistas. A primeira porção, 38%, foi entregue às “big oil” sob o modelo de concessão, o que vigora atualmente, através de leilões, durante o governo Lula.

*Dalton Francisco dos Santos é diretor do Sindipetro-AL/SE