Em meio à crise de segurança pública que atingiu São Paulo nos últimos dias, o governo anunciou o corte de R$ 14,2 bilhões do Orçamento aprovado pelo Congresso para 2006. Nem mesmo o ano eleitoral impediu que Lula impusesse um brutal arrocho a fim de cumprir com folga a meta de 4,25% de superávit primário (economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública).

O corte foi anunciado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, durante entrevista coletiva no dia 16. Apesar de afirmar que o corte não atingiria as áreas sociais, a tesoura do governo retirar R$ 548 milhões das verbas da saúde e R$ 390 milhões da Previdência Social. O arrocho também tirou R$ 305 milhões do Ministério do Trabalho, R$ 193 milhões da Cultura e R$ 502 milhões dos Esportes. Nem mesmo o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família, escapou, tendo R$ 272 milhões de seu orçamento retido pelo governo.

A hipocrisia é tanta que, um dia após o anúncio do corte, Lula afirmou em discurso durante um evento no interior de Goiás que a onda de violência era causada pela falta de investimentos em educação. Lula só não disse que seu governo acabara de cortar cerca de R$ 561 milhões do orçamento destinado à área.
Além de o governo prever a manutenção da atual meta de superávit para, no mínimo, os próximos três anos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2007 já prevê uma redução nos gastos das despesas da União em relação a 2006. Ou seja, mesmo com a crise social que explode no país em cenas da mais pura barbárie, o governo mantém e aprofunda sua política neoliberal.
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