Alta dos juros, aumento do dólar, recessão, elevação da Inflação e cortes no orçamento reservam mais fome, miséria e desemprego para os trabalhores

Quando fechávamos esta edição, o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciava a elevação da taxa de juros 25,5% para 26,5% anuais e o dólar comercial fechava em alta de 0,5%, sendo vendido por R$ 3,612 e comprado a R$ 3,608.
Ao contrário do dólar que “flutua” atualmente de acordo com os humores do mercado, a taxa de juros depende da política monetária do governo. Essa é a maior taxa de juros desde maio de 1999, quando ocorreu o ataque especulativo que derrubou a paridade do real com o dólar, e a segunda alta consecutiva dos juros no governo Lula. A “explicação” para sua elevação é que a medida tem por objetivo conter o avanço da inflação.
Porém, analistas do mercado financeiro apostam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, usado como referência das metas de inflação) atinja 11,99% neste ano, um valor bem superior à meta ajustada de 8,5%. Ou seja, mesmo com essa taxa de juros astronômica a inflação continuará crescendo.
Então, qual o verdadeiro motivo para o aumento dos juros? Remunerar os capitais especulativos. Por isso, a alta dos juros interfere no aumento da dívida, na medida que um quarto dos títulos do governo são corrigidos pela taxa básica de juros – conhecida também com taxa Selic – do Banco Central. Já a alta do dólar também aumenta a dívida porque o governo vende ao mercado títulos que são corrigidos pela variação cambial.
Desta forma, o governo Lula sequer aposta na retomada crescimento econômico, como prometido. Na verdade, aprofunda a política reces-siva de FHC. Isso significará para os trabalhadores mais desemprego e miséria, devido a queda da produção e o aumento do custo de vida.

“Se essa política econômica continuar, a única coisa que vamos gerar é desemprego”
Márcio Pochmann, secretário de Trabalho da prefeitura de São Paulo

Deixemos que um renomado economista do PT explique a relação da política econômica do governo com o aumento da crise social.
Em declaração ao jornal O Globo, o economista Márcio Pochmann prevê “um desemprego recorde em fevereiro e um primeiro trimestre de 2003 trágico para o mercado de trabalho”.
Isto se deve, para Pochmann, à elevação da taxa básica de juros que aprofunda a recessão da economia “para cada ponto percentual de alta na taxa de juros cresce em média 0,7% o índice de desemprego em São Paulo”, que deverá atingir 21% em fevereiro. Os cortes no Orçamento também contribuirão sobremaneira para o aumento do desemprego.
“Se essa política econômica continuar, não vamos fazer com que haja aumento de empregos. A única coisa que vamos gerar é desemprego”, concluiu.

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