Entra em vigor hoje, dia 1° de outubro, na França, a lei que isenta de impostos as horas-extras trabalhadas naquele país. A medida é o mais novo fruto da campanha do presidente conservador Nicolas Sarkozy contra os direitos sociais do trabalhador francês.

Segundo essa nova lei, todas as horas trabalhadas além da jornada semanal regulamentar de 35 horas serão isentas de imposto de renda e encargos sociais. Para o trabalhador, significa que ele “ganhará” 25% a mais por hora caso trabalhe de 35 a 43 horas e 50% caso trabalhe mais. Para o empregador, significa que a cada hora-extra trabalhada ele terá um abatimento que varia de 0,5 a 1,5 euros.

O que o governo alardeia é que isso facilitará a criação de empregos e aumentará o consumo. O que se nota, por outro lado, é que ao invés de gerar novos empregos, os patrões vão optar por forçar os empregados a trabalhar mais, aumentando, sem mudar a lei, a jornada diária de sete horas para oito, nove ou mais horas. Além disso, é mais um passo em direção ao desmonte do sistema social da França, pois ele terá menos recursos à sua disposição.

O sistema social francês já foi um dos melhores da Europa. Ele chegava a pagar, de seguro desemprego, 80% do salário do trabalhador quando empregado pelo período de até 3 anos. Foram medidas como essas, conquistadas com duras lutas pelo operariado francês, que fez daquele país um dos melhores para se viver na Europa. Sarkozy tem por objetivo declarado desmontar esse sistema e utiliza como jargão o cínico “trabalhar mais para ganhar mais”.