A cidade de Oaxaca, no México, amanheceu no domingo, 29 de outubro, cercada por tropas federais. Mas também por barricadas e trincheiras de pneus, que serviam de proteção para os manifestantes dispostos a resistir. A correlação de forças foi desfavorável aos manifestantes. Durante todo o dia, cerca de 4 mil militares, com tanques e helicópteros, desataram uma violenta repressão sobre os professores, indígenas, desempregados, sindicalistas e estudantes. Os choques deixaram como saldo três mortos, incluindo um jovem de 14 anos, e vários feridos.

O desmonte da ocupação, que se mantinha há cinco meses, teve início no dia 27, quando paramilitares ligados ao governo de Ulises Ruiz atiraram contra as barricadas dos manifestantes. Nesse dia, dezenas de pessoas ficaram feridas e um voluntário da rede Indymedia, o norte-americano Brad Will, foi morto. O Indymedia é uma rede de informação independente, com centros em diversos países. Brad estava no México para acompanhar os protestos, assim como esteve no Brasil, na ocupação Sonho Real, em Goiânia. Brad filmou os disparos dos pistoleiros em Oaxaca. O ataque foi a desculpa utilizada pelo governo Fox para invadir a cidade.

Cidade turística, Oaxaca esteve na vanguarda das lutas dos combativos trabalhadores e estudantes mexicanos durante os últimos cinco meses, sustentando uma greve heróica, com acampamentos permanentes na praça central da cidade. Contando com o apoio e a solidariedade da população, que fornecia alimentos, remédios e todo tipo de ajuda, os manifestantes estavam dispostos a manter os protestos até a satisfação das reivindicações: a saída do governo Ulises Ruiz e melhorias nas condições de vida. Mas Vicente Fox, um dos maiores capachos do imperialismo americano no continente, preferiu jogar sua sanha assassina sobre os trabalhadores e estudantes, para “limpar” o terreno e entregar a presidência do México a Felipe Calderón, em 1º de dezembro.

Um dos mais abnegados aplicadores das políticas neoliberais no continente, que praticamente entregaram todo o parque produtivo mexicano ao imperialismo, Vicente Fox agora se prepara para sair do governo da mesma forma que entrou: atacando os trabalhadores e o povo. Deixa atrás de si um país submerso no desemprego, na miséria e nos baixos salários. Foi o que motivou os protestos em Oaxaca e em outras partes do país, refletindo inclusive na enorme crise das eleições.

O PSTU declara-se solidário aos trabalhadores mexicanos. É necessário que todas as organizações de esquerda, da juventude, sindicatos e de direitos humanos e coloquem-se contra essa brutal ofensiva ao povo mexicano.

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