Uma manifestação de cerca de 500 militantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) acabou em tumulto durante a tarde do dia 6 em Brasília.
Os sem-terra reivindicavam a reforma agrária e o fim da lei que impede a desapropriação de áreas ocupadas. Ocuparam a Câmara, dirigindo-se ao salão verde quando, segundo eles, foram impedidos de entrar e agredidos pela segurança do Congresso.

Aldo Rebelo (PCdoB), presidente da Câmara, mandou prender todo mundo, homens, mulheres e crianças. Lula qualificou a ação do MLST como “uma cena de vandalismo”.

A reação da oposição burguesa foi típica. Antonio Carlos Magalhães (PFL) exigiu a presença das Forças Armadas, defendendo que os milicos “reajam enquanto é tempo, antes que o Brasil caia na desgraça de se tornar uma ditadura sindical”. Já Arthur Virgílio (PSDB) comparou os manifestantes a “bandidos”, numa clara alusão às recentes ações do PCC em São Paulo, buscando capitalizar eleitoralmente o conflito.

No entanto, o principal responsável pela radicalização da luta pela terra no Brasil é o próprio governo, com sua aliança incondicional com os latifundiários e demais representantes do agronegócio no Congresso.

A única “justiça” existente no país é aquela que absolve os mensaleiros, protege notórios corruptos e dá imunidade parlamentar para verdadeiras quadrilhas alojadas no Congresso.

O erro do MLST
O PSTU apóia a luta dos sem-terra pela reforma agrária, assim como o fim da lei que impede a desapropriação de áreas ocupadas. Somos categoricamente contra a repressão contra os manifestantes, e defendemos sua imediata libertação.
Mas não podemos deixar de manifestar nosso desacordo com a ação promovida pelo MLST, que teve um claro conteúdo ultraesquerdista, desligado do movimento real. Existem milhões de sem-terra no país e algumas centenas de milhares acampados. Esta ação foi vanguardista de algumas centenas, que terminou se voltando contra o próprio movimento.

A oposição burguesa e o próprio governo Lula estão utilizando este episódio contra a luta dos sem-terra, para qualificar todos como “baderneiros”. Ao invés de ganhar a consciência dos trabalhadores urbanos para a unidade operário-camponesa, forneceu um prato cheio para a reação latifundiária.

Trata-se de uma atitude claramente inconseqüente, típica da direção do MLST, que é capaz de uma ação deste tipo, e ao mesmo tempo pertencer à Executiva Nacional do PT, partido que governa para o agronegócio, e que agora reprime o movimento.
Mesmo diante destes erros, reiteramos a defesa destes militantes contra a repressão e os ataques do governo e da oposição burguesa.
Post author Wilson H. Silva e Diego Cruz, da redação
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