Violência deixou dezenas de feridos
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Na sexta-feira, dia 9 de maio, cerca de mil professores de vários municípios realizaram um grande ato em Belém (PA), como parte das manifestações da greve iniciada no dia 24 de abril que reivindica 30% de reajuste, vale-alimentação de R$ 400, combate à violência nas escolas e outras melhorias na educação. A passeata seguiu pela rodovia Augusto Montenegro até o palácio de governo.

Ao chegar em frente ao palácio, os professores fecharam as duas pistas da avenida e montaram um comando, para tentar uma negociação com a governadora. Logo na chegada, a tropa da ROTAM (Ronda Tática Metropolitana), policia de choque criada pelo atual governo, tentou retirar o carro de som do meio da rua, mas os educadores pacificamente garantiram sua permanência e a comissão conseguiu ser recebida. O governo se mostrou intransigente não se propondo a negociar e disse que apenas ouviria novamente tudo o já sabia, sem avanço a comissão foi convidada a se retirar e foi advertida que teriam cinco minutos para desobstruir a pista.

Sem tempo sequer para a comissão repassar os informes de como foi a conversa, a tropa de choque avançou sobre a multidão. A primeira reação dos manifestantes foi de sentar-se. Porém, com truculência inédita, os policiais continuaram avançando, com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. As pessoas foram forçadas a correr e, assustadas, várias senhoras caíram pelo chão. Dezenas foram atingidos pelas balas, uma das bombas caiu no pátio de uma casa e vários moradores das redondezas foram atingidos. Muitas crianças passaram mal, após inalar o gás.

Mesmo sob uma repressão que relembra os duros anos de ditadura militar, muitos professores resistiram bravamente e com a ajuda de moradores fizeram várias barricadas de paus e pneus, para tentar impedir o avanço da tropa. O trânsito foi novamente fechado em frente à Secretaria de Educação e um outro grupo maior de professores seguiu em sentido oposto, rumo ao estádio do Mangueirão, seguido de perto pela polícia que continuava implacável com os ataques, sem ter total sucesso na dispersão.

Próximo a um condomínio, os manifestantes encontraram vários postes de energia e fizeram uma barricada carregando um deles para o meio da pista. Os policiais tentaram tirá-lo de lá porém não conseguiram carregá-lo e foram forçados a parar, enquanto os manifestantes comemoravam.

O saldo final foi de um estudante e cinco professores presos, dezenas de manifestantes e moradores feridos, seja com escoriações ou atingidos por balas de borracha. Além disso, centenas de pessoas passaram mal pela inalação de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

Todos os lutadores que resistiram ao ataque da governadora aglutinaram-se novamente próximo ao estádio do Mangueirão e realizaram uma assembléia com cerca de 200 pessoas. Todas as intervenções demonstravam uma grande indignação com a postura de Ana Julia (PT) e uma disposição de luta que se intensifica após essa atitude covarde. A greve segue e se amplia. O movimento se fortaleceu e Ana Julia não conseguiu derrotar os professores.

O ato terminou ao som do hino da Internacional Comunista e com certeza de uma próximo grande ato nesta segunda-feira, dia 12 de maio, na praça Dom Pedro II, próximo ao Palácio do Governo.

A Conlutas na greve
A Conlutas vem sendo vanguarda na construção desta greve. Mesmo sendo oposição ao sindicato, os ativistas da Oposição Alternativa Conlutas são linha de frente das mobilizações, percorrendo as escolas, publicando panfletos periódicos para a categoria e discutindo o congresso da Conlutas.

No peito de mais da metade dos ativistas que estavam na manifestação desta sexta-feira estava o adesivo da Conlutas, com os dizeres: “A greve continua, Ana Júlia, a culpa é tua”. A discussão da reorganização do movimento ganhou força desde o último congresso estadual da categoria, no qual foi aprovada a ruptura com a CUT.

Os ativistas da Conlutas de todo o país devem ser a vanguarda na solidariedade a esta luta, enviando moções de repúdio à governadora e de apoio a greve dos trabalhadores da Educação.