Longas filas se formaram pela capital do país
Minustah.org

Numa manobra para conter a insatisfação da população haitiana com a presença das tropas da ONU, o governo brasileiro começou a distribuir na terça-feira, 27 de maio, 150 toneladas de alimentos na capital do país, Porto Príncipe. Nos cinco pontos de distribuição, formaram-se longas filas e milhares de pessoas que não conseguiram a senha para receber os alimentos, protestaram no dia 28.

As cestas básicas com arroz, fubá, peixe, feijão, sal e óleo foram compradas pelo Itamaraty por US$ 200 mil e devem chegar a apenas 10 mil pessoas. Só a população da favela Cité Soleil, onde foi iniciada a distribuição, é estimada em 200 mil a 300 mil pessoas.

Em abril, o governo já havia enviado um avião brasileiro carregado com 14 toneladas de alimentos.

A proximidade da ação com a visita de Lula ao Haiti não é mera coincidência. O governo deve ter se assustado com a vontade de luta do povo haitiano, que há meses vem realizando protestos contra a fome e a alta dos preços dos alimentos.

Num país em que o desemprego supera os 60% e comer apenas uma vez por dia é cada vez mais comum, a distribuição de algumas cestas é claramente insuficiente. A medida pode apenas garantir mais tranqüilidade à visita de Lula e aliviar por alguns dias a fome das pessoas que receberam os alimentos.