Após 21 dias de uma greve que teve forte impacto sobre a população, a Contraf ( Confederação de Bancários da CUT) impôs o fim da greve da categoria bancária mediante um acordo absolutamente insuficiente e muito aquém do tamanho da luta da categoria. A proposta aprovada foi de reajuste de 9% sobre todas as verbas e 12% sobre o piso. O crescimento médio do lucro dos Bancos no último ano, por outro lado, foi de 16% , tendo acumulado crescimento de 1575% nos últimos 14 anos.

Nas assembléias que aconteceram no dia 17/10, foram montados operativos de gerentes do BB e Caixa que lotaram as assembléias, e votaram pela aceitação dos acordos. A greve começou a ser desmontada bem antes da realização das assembléias, gerando revolta dos bancários em diversas regiões. Foram rejeitadas as propostas nas bases de Bauru, Rio Grande do Norte e Maranhão. Já em Porto Alegre, Florianópolis e Pará, os bancários não aceitaram a proposta da Caixa Econômica Federal .

Veja a nota de repúdio à Contraf CUT votada pelos trabalhadores da Caixa Econômica do Pará na assembléia que definiu pelo recuo da greve : “Uma confederação, representativa de seus trabalhadores, não pode ir à mídia anunciar que um acordo foi fechado sem que sua base debata e aprecie com tranquilidade seu conteúdo. É inadmissível que se valha das mesmas táticas do Governo para amedrontar a categoria, alardeando que nosso dissídio iria parar no TST, a exemplo dos Correios, caso a proposta fosse rejeitada. A pressa dos banqueiros em encerrar a greve foi assimilada pela CONTRAF-CUT no tumulto, boataria e principalmente na orientação pela aceitação de um dos piores acordos fechados nos últimos anos, equivalendo a 1,5% de ganho real.”

Os funcionários do Banco da Amazônia e BNB (Banco do Nordeste do Brasil) continuam paralisados, cobrando avanços nas negociações específicas. Ambos são Bancos Federais e a intransigência do governo Dilma se mantém. O comando de greve e o MNOB estão buscando uma audiência com o DEST, Departamento do Ministério do Planejamento que estabelece os parâmetros de negociação com os trabalhadores das Estatais, a fim de se buscar uma retomada nas negociações.

Durante a greve os banqueiros mantiveram uma posição intransigente, com interdito proibitório e diversas ameaças. O governo Dilma, que controla o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, chantageou o tempo todo com o corte do ponto e a negativa de dar aumento real para não causar inflação. Em função da própria força da greve, o governo não conseguiu impor o desconto nem a compensação total das horas de greve. O acordo prevê uma compensação até o dia 15/12, que não é obrigatória. o MNOB estará a frente da campanha contra a compensação das horas de greve pois quem lutou por todos não pode ser punido.

Sabemos que este endurecimento é uma manobra preventiva para demonstrar que, frente a ameaça das consequências da crise econômica mundial o governo faz a opção de jogar o ônus sobre as costas dos trabalhadores. Quer atemorizar os trabalhadores para que não ousem fazer mais greves no próximo ano.

Por isto tudo, mais do que nunca, será necessário forjar uma direção para a categoria que se disponha a travar uma luta direta contra o governo e não apenas contra os banqueiros.

O MNOB estará realizando em diversas regiões plenárias para debater o balanço da greve e fortalecer uma alternativa de direção classista para a categoria bancária.