Ministro chavista acusou trabalhadores de “sabotadores” do progresso e desenvolvimentoO governo de Hugo Chávez, na Venezuela, reagiu com violência contra uma manifestação de petroleiros que protestavam contra demissões.

Os dirigentes sindicais Juan Cahuao, Jairo Ollarves, Aulio Soto e Francisco Villalobos foram presos no último dia 6 pela Brigada de Ordem Pública da Guarda Nacional durante protestos em frente ao edifício da PDVSA, estatal petroleira do país, em Maracaibo. Os manifestantes também foram feridos por “perdigones”, espécie de munição com efeito similar ao das balas de borracha. Após ação repressiva, a polícia se postou diante do edifício por horas, tentando evitar novas manifestações.

Os protestos, formados por trabalhadores contratistas (espécie de terceirizados), são contra as denúncias de maltrato da gerência de empresa contra os trabalhadores, mas também exigem a estabilidade e a recontratação de 1.600 trabalhadores demitidos nos últimos meses. Cahuao, representante da Federación Única de Trabajadores Energéticos da Venezuela, explicou que o protesto é contra “a postura autocrática e abusiva da gerência da empresa”.

Edinson Guriel, representante do sindicato municipal de Lagunillas, afirmou que “a empresa petroleira não pode ter trabalhadores ocasionais, mas sim trabalhadores permanentes. Queremos gozar dos mesmos benefícios que têm os trabalhadores diretos da indústria”.

Os manifestantes asseguraram que, por ora, não realizarão uma paralisação, mas não descartaram a possibilidade de intensificar as ações de rua como medida de pressão para o atendimento de suas reivindicações.

Reação do governo
A ação dos trabalhadores se chocou com o governo de Chávez. O ministro de Interior e Justiça, Pedro Carreño, atacou duramente os manifestantes dizendo que eles são “sabotadores”. “Existem setores interessados em avançar até a desestabilização interna, até a sabotagem que atentaria contra o desenvolvimento do Estado”, justificou o chavista. Ele ainda fez questão de dizer como funciona a “democracia” da república bolivariana para os trabalhadores: “os trabalhadores têm direito a discutir seu emprego, mas esse direito não permite que eles possam atentar contra o progresso e o desenvolvimento”.

É a segunda vez neste ano que o governo Chávez reprime um protesto de trabalhadores. Além das manifestações dos petroleiros, os operários da fábrica da Toyota também estão em luta, realizando uma greve desde semana passada. O governo, por sua vez, exige que os trabalhadores cumpram as leis, ou seja, defendam os interesses da multinacional. A mascara “socialista” de Chávez começa a cair.

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