Apesar da comoção internacional causada pela revolução no Egito e a repressão do regime ditatorial de Mubarak contra os manifestantes, assim como perseguição à imprensa, o governo brasileiro se finge de morto e, até agora, não se pronunciou sobre o tema. O governo Dilma e o Itamaraty limitam-se a condenar as agressões, mas nada diz sobre o ditador que há 30 anos governa o país com mãos de ferro.

Não se pode dizer, porém, que o governo se mantém alheio ao que acontece no país árabe. De acordo com matéria do jornal Folha de S. Paulo, desse dia 3 de fevereiro, o governo se mantém bem informado através do embaixador no país, Cesário Melantonio. O próprio embaixador teria informado o governo que os manifestantes pró-Mubarak são policiais disfarçados a mando do ministro do Interior da ditadura egípcia. Esses “manifestantes” são responsáveis por espancar, intimidar e perseguir ativistas anti-governo e jornalistas estrangeiros.

No dia 1º, no pouco que disse sobre o tema, a presidenta Dilma se negou a tomar posição sobre a onda de protestos no país. “O governo brasileiro não pode ter posição a respeito do que acontece dentro de outro país”, afirmou.

Mesmo os países da União Europeia e os EUA, diante dos últimos fatos, pediram (ou exigiram no caso de Obama) a saída de Mubarak do poder. Já no Brasil, mesmo com jornalistas conterrâneos terem sido roubados, espancados e seqüestrados pelas forças de segurança do Egito, nada diz.

Só para lembrar, o Brasil ocupa atualmente a direção rotativa do Conselho de Segurança da ONU. E o que a representante do país, Maria Luiza Viotti, disse sobre a questão egípcia? “Achamos que no momento a questão é mais bem abordada internamente”.