Agência Brasil
Redação

Governadores rifam aposentadoria dos trabalhadores em troca do ajuste fiscal nos estados

Reunião do Fórum de Governadores realizado nesta terça, 11, em Brasília fechou questão em torno ao apoio à reforma da Previdência do governo Bolsonaro. A reunião acaba com uma aparente polêmica que atravessou a última semana, com a divulgação de cartas diferentes dos governadores em relação ao tema. Aparente porque todos os 27 governadores, incluindo os do PT, o do PCdoB, além de outros partidos de oposição como o PDT e PSB, sempre foram a favor da reforma e já vinham atuando em sua defesa.

A polêmica se resume à forma do apoio à medida de Bolsonaro e Paulo Guedes, não ao seu conteúdo de fundo. Governadores do Nordeste pressionavam para a retirada de pontos como a alteração do BPC (Benefício de Prestação Continuada) da aposentadoria rural, além da capitalização, o que foi acatado pelos colegas das outras regiões. Além disso, há a proposta de que cada estado tenha uma regra para a aposentadoria de PM’s e agentes penitenciários.

Tiramos o bode da sala, agora há condições de apoiarmos a reforma”, afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias, do PT. O petista ainda se comprometeu a buscar apoio da bancada do partido para a aprovação da reforma. “Meu partido tem uma posição de que o Brasil precisa encontrar uma regra que dê equilíbrio na Previdência“, declarou.

A reunião contou com 25 dos 27 governadores, além do relator da reforma, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O relator deve apresentar o parecer sobre a reforma na Comissão da Câmara nesta quinta.

PT e PCdoB junto com Bolsonaro contra aposentadorias
Os governadores trabalham pela aprovação da reforma pressionando para que nela se incluam estados e municípios. Desta forma, não precisariam atacar os servidores nas respectivas assembleias legislativas, já que as novas regras para os servidores federais seriam automaticamente estendidas às outras duas esferas.

Os governadores do PT e o do PCdoB dizem ser contra os “bodes” como o BPC e a aposentadoria rural, mas apoiam os demais “bodes” que afetam a maioria da classe trabalhadora e que, caso sejam aprovados, vão tirar milhões do sistema previdenciário e jogá-los na miséria. Por exemplo, a idade mínima de 65 anos e o aumento do tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos (e 40 anos para aposentadoria integral), além da drástica redução dos benefícios.

Os governadores do PT: Rui Costa (Bahia) Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Wellington Dias (Piauí) e Camilo Santana (Ceará); além do governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB (que apesar de não ter comparecido na reunião apoia as medidas), rifam as aposentadorias dos trabalhadores e do povo pobre em troca de aprofundar o ajuste fiscal nos estados. Mostram assim que, apesar do discurso, no governo aplicam a mesma política de ajuste fiscal e ataques que Bolsonaro. Não é por menos que na Bahia, por exemplo, Rui Costa acaba de cortar o salário dos docentes das universidades estaduais em greve.

Dia 14 vamos parar o Brasil contra a reforma
Enquanto os governadores do PT e do PCdoB se colocam ao lado dos banqueiros, de Bolsonaro e dos empresários da Fiesp pelo fim das aposentadorias, nas bases cresce a construção da Greve Geral na sexta-feira. Não há negociação possível para amenizar essa reforma, ela toda é um duro ataque à Previdência e ao direito à aposentadoria para garantir ainda mais recursos aos banqueiros. Metalúrgicos, professores, trabalhadores dos transportes, bancários, servidores públicos entre outras categorias intensificam a preparação para essa greve que deve parar o país no dia 14, contra a reforma da Previdência, o desemprego e em defesa da educação.