Governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Rui Costa (PT), da Bahia, Fátima Bezerra (PT), entre outros. Agência Brasil
Redação

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Enquanto os trabalhadores e ativistas dos movimentos sindical, social e popular preparam em suas bases uma Greve Geral para o próximo 14 de junho contra a reforma da Previdência, em Brasília governadores do PT e do PCdoB também brigam… mas para que a reforma valha também para os estados e municípios.

Um verdadeiro jogo de empurra-empurra vem sendo travado pelo governo Bolsonaro e os políticos locais. Os governadores de todos os estados e do Distrito Federal pressionam para que o governo inclua estados e municípios na reforma da Previdência, estendendo aos servidores das duas outras esferas os ataques aos servidores federais. Para eles, seria uma verdadeira mão na roda, já que os poupariam do desgaste de ter que atacar seus servidores nas respectivas assembleias legislativas. E ainda poderiam manter o discurso hipócrita e cínico de que são contra “pontos” da reforma, como fazem hoje os governadores do PT do PCdoB.

Nesse dia 6 de junho, por exemplo, governadores de 25 estados divulgaram carta em que cobram a inclusão dos estados e municípios na reforma, apelando aos deputados e senadores para que atuem para tais medidas na “Nova Previdência”. Apenas os governadores da Bahia, Rui Costa (PT) e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não assinaram. Os outros três governadores petistas: do Ceará, Camilo Santana, do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, e do Piauí, Wellington Dias, subscreveram a carta.

Já no final do dia, porém, Rui Costa, da Bahia, divulgou nova carta, esta só de governadores do Nordeste, defendendo a reforma. “Vemos cristalizar-se a polarização política exacerbada na eleição presidencial, o que tem contaminado o debate sobre as reformas necessárias à garantia de um terreno sólido para a superação definitiva da crise“, afirma o documento. Ainda diz que “a retirada dos estados da reforma e tratamentos diferenciados para outras categorias profissionais representam o abandono da questão previdenciária à própria sorte, como se o problema não fosse de todo o Brasil e de todos os brasileiros“.

As únicas ressalvas feitas pelos governadores do PT e o do PCdoB se referem ao BPC (Benefício de Prestação Continuada pago a idosos carentes) e a aposentadoria rural, cuja mudança proposta pela reforma simplesmente quebraria inúmeros municípios da região. Sobre o fim da aposentadoria por tempo de contribuição, a imposição da idade mínima de 65 anos, os 40 anos obrigatórios de contribuição para aposentadoria integral e o rebaixamento dos benefícios, ataques que atingem duramente os trabalhadores do INSS e que, caso aprovadas, tirarão o direito à aposentadoria de grande parte da classe trabalhadora, os governadores nada falam.

Governadores do NE falam à imprensa sobre reforma da Previdência. Agência Brasil

Mais do que isso, os governadores não só apoiam como trabalham ativamente pela aprovação da reforma de Bolsonaro. Durante todo o ano, Rui Costa vem viajando a Brasília para articular a medida. Na próxima terça-feira, 11, o governador baiano vai levar à reunião do Fórum de Governadores em Brasília uma proposta de negociação com o relator da reforma na Câmara, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Vai defender que o governo tire os “bodes” da reforma, além de excluir pontos como a paridade nas aposentadorias de policiais e agentes penitenciários, que para ele aumentarão o “déficit” do estado.

O governador do PT na Bahia, inclusive, já aprovou uma reforma na Previdência do estado no final do ano passado, aumentando a alíquota previdenciária dos servidores de 12% para 14%. Rui Costa vem fazendo mais que isso, cortou salários dos professores das universidades estaduais em greve e recentemente defendeu o pagamento de mensalidades nas universidades públicas.

Flávio Dino, do PCdoB, também defende a inclusão de estados e municípios na reforma. Como afirmou em entrevista em maio: “Como nós teríamos no país milhares de regimes previdenciários diferentes? Imagina, o servidor do Maranhão tem um regime, o do Ceará outro, o do Goiás outro, o servidor federal outro e o servidor da prefeitura outro regime. Isso é realmente algo inusitado”. Ou seja, se vai rebaixar os direitos dos servidores federais, que se rebaixe de todo mundo e se nivele por baixo.

Juntos com banqueiros e Bolsonaro
Isso mostra que os governadores petistas e do PCdoB seguem a mesma lógica do governo Bolsonaro, Paulo Guedes e de Rodrigo Maia: ajuste fiscal e jogar a crise nas costas dos trabalhadores. Ao invés de somarem-se à construção da Greve Geral, estão do lado do governo, dos banqueiros e dos empresários da Fiesp para atacar a aposentadoria dos trabalhadores. Por isso que, na Bahia, Rui Costa aplica os mesmos cortes que o ministro Weintrabu, chocando-se com a mobilização de docentes e estudantes das universidades estaduais. Por isso também que, nos estados, aplicam a mesma política privatista de Bolsonaro.

No próximo dia 14 é necessário realizar uma grande Greve Geral para por abaixo não só os ataques ao BCP e à aposentadoria rural, mas toda essa reforma que representa o fim da Previdência pública, por emprego e contra os cortes à Educação.